Sabe o que faz sucesso em Ciudad del Este? O cambalacho

Em tempos de dinheiro curto, trocar algo que não se quer mais por alguma coisa que se sonha ou precisa é um bom negócio.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Só não entra dinheiro, o resto vale tudo – até trocar um galo por um par de sapatinhos. Como o dinheiro está curto, o “cambalacho pelo Facebook” faz sucesso em Ciudad del Este.

Segundo o jornal La Clave, o grupo “Cambatodo CDE y alrededores”, no Facebook, não permite venda e compra, só troca. Se insistir, é excluído pela administradora ou um dos dois moderadores.

“A maioria das coisas que se oferece são usadas, e também o que troca está pensando em algo que não lhe é útil, não pensando no valor monetário que tinha quando comprou, exatamente, porque obviamente já não é o nesmo”, explica a administradora do grupo, Nati Liuzzi.

Também não são toleradas agressões verbais. Quem não for amável, é expulso. Promoções e spans são bloqueados. Não são aceitas ainda ofertas de animais ou armas para trocas.

O que mais se observa são pessoas trocando móveis, eletrodomésticos, joias, roupas, sapatos, maquiagens, livros, serviços de cabeleireiro, espelhos e até plantas.

Uma participante do grupo disse que tem interesse em “insumos ou instrumentos médicos novos ou em bom estado”.

Outra comemorava a troca de uma cafeteira por um tapete, “sem gastar um tostão”. Na próxima, ela pretende conseguir, na troca, uma prancha de cabelo.

E um terceiro, ainda, oferecia para troca pizzas, pra ver o que lhe ofereciam. No total, eram 42 pizzas, do local onde trabalhava. Entre as ofertas, havia uma cama para mascotes, um par de sapatos novo e um espremedor de frutas.

Pelas pizzas, muitas ofertas. Além do comercial gratuito.

Como bom humor não pode faltar, os participantes também trocam memes divertidos, como esse: “Desde que apareceu o cambalacho, vejo com outros olhos as plantas de minha mãe”.

Hoje, já participam do grupo 50 mil pessoas, de Ciudad del Este e das cidades vizinhas. E está aumentando.

De novela

A palavra em português, cambalacho, veio do espanhol cambalache. O significado nas duas línguas é o mesmo: troca de objetos, na origem mais simples. Mas tem também o significado pejorativo, de conluio, tramoia, de negociação para prejudicar alguém. Não é o caso destas trocas no grupo.

Cambalacho, mais no sentido pejorativo, popularizou quando a Rede Globo levou ao ar uma novela com este título, em 1986. O autor, Silvio de Abreu, procurava abordar a “situação vergonhosa” que o Brasil vivia. Era o tempo do Plano Cruzado, do congelamento de preços e dos “fiscais de Sarney”.

Bom humor no grupo

 

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