H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta
Taxistas, motoristas de carros de turismo, empresários e trabalhadores que atendem visitantes participaram de uma manifestação em Puerto Iguazú, nesta terça-feira, 3, para pedir a reabertura da Ponte Tancredo Neves.
O número de manifestantes não foi grande, talvez porque a maioria nem tenha esperança de que os governos da Argentina e da província de Misiones atendam à reivindicação. Outro motivo é que os organizadores mais “tradicionais” de protestos desconheciam os líderes desta última, convocada via grupo de WhatsApp.
O governador de Misiones, Oscar Herrera Ahuad, em entrevista a um programa de tevê, disse na segunda-feira (2) à noite que não se cogita reabrir a ponte, no momento, porque as condições sanitárias não permitem. Em Foz do Iguaçu há um alto índice de contágios e Puerto Iguazú é o município com maior quantidade de casos na província de Misiones, afirmou.
“A abertura da ponte pode gerar um benefício econômico, que será proporcionado desde que a população tenha saúde”, disse o governador, conforme reproduziu o portal La Voz de Cataratas. Ele completou que “sem saúde não há economia possível”.


Para turismo de Puerto Iguazú, a entrada de turistas do Brasil pode ser a salvação do setor, já que a medida adotada, de permitir o acesso ao Parque Nacional do Iguaçu apenas de moradores locais e visitantes de outros municípios de Misiones, até agora não deu certo.
Confira:
Abertura das Cataratas na Argentina só para moradores de Puerto Iguazú e Misiones não dá certo
Nos grupos de WhatsApp criados para fomentar o movimento pela reabertura da Ponte Tancredo Neves, um dos manifestantes incentivou outros a participar, dizendo: “O 'não' (para a reabertura) nós já temos, temos que lutar pelo 'sim'”.
Outra liderança comparou com a fronteira do Brasil e Paraguai, reaberta depois dos protestos de paraguaios, que “forçaram a abertura da Ponte da Amizade” e hoje estão de volta a seus empregos e rendas.
Futuro da fronteira
Na entrevista ao canal de TV, o governador Herrera Ahuad compartilha a recomendação da Organização Mundial da Saúde e do Ministério de Saúde da Argentina, para restringir a circulação nas fronteiras internacionais.
No futuro, Ahuad disse que, para atravessar a fronteira argentina, o visitante precisará apresentar um documento comprovando que foi vacinado ou o resultado de um teste negativo para covid-19.
Mas disse que já está efetuando gestões com autoridades nacionais para que a província seja autorizada a receber voos internacionais. Na semana, ainda em fase de testes, Buenos Aires começou a receber esses voos.

Questão econômica
Principalmente no caso da fronteira entre Posadas, capital da província que faz fronteira com Encarnación, no Paraguai, o governador mostrou-se satisfeito com o fechamento, porque os argentinos deixaram de fazer compras na cidade paraguaia.
Ele contou que, em reiteradas reuniões com o presidente argentino, mostrava a ele relatórios confirmando quantos recursos ficaram na própria província. “Incrementou-se a venda de cimento e outros tipos de materiais, o que significa que o 'misionero' está comprando em Misiones, está comprando na Argentina o que antes vinha de outros lugares”, disse Ahuad.
Antes do fechamento da fronteira com o Paraguai, os comerciantes de Posadas reclamavam que não podiam competir com os preços praticados no comércio de Encarnación, para onde seguiam argentinos não só da província, mas de várias partes do país.