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A faxina étnica e a vergonhosa fome em Gaza

População de Gaza morre de fome, enquanto Israel e EUA planejam área como resort de luxo.

3 min de leitura
A faxina étnica e a vergonhosa fome em Gaza
Imagens de IA representam a situação atual e o futuro desejado a Gaza pelos EUA e Israel. Foto: IA

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Quando assistimos a filmes sobre o nazismo ou vemos fotos da época, perguntamo-nos como foi que deixaram que tamanha crueldade acontecesse. E ainda assim há quem questione e diga que o nazismo não existiu.

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Hoje, estamos diante de outra crueldade sem tamanho, que envergonha a espécie humana, e há quem a normalize. Daqui há alguns anos, as futuras gerações talvez possam envergonhar-se e perguntar como foi que permitimos que crianças morressem de fome enquanto a comida estava ali perto, sendo impedida de ser levada até elas.

A guerra em Gaza não é de agora. O conflito começou em 1948, quando Israel declarou sua independência, e de lá para cá o local virou uma espécie de barril de pólvora. Mas são de agora, de 2023, as memórias mais impactantes da guerra, pois basta abrir os veículos de mídia e as redes sociais, que a fome está ali, escancarada.

A violência que o nome Gaza sugere foi adotado para demonstrar o nível de violência no Rio de Janeiro, onde o crime organizado domina. A “Faixa de Gaza” carioca é relativa a uma área de 95 quilômetros e um milhão de moradores, abrange 33 bairros, do Caju à Pavuna, incluindo as favelas do Jacarezinho e dos complexos da Maré e do Alemão.

Mas voltando à Gaza da fome extrema, é incompreensível como as autoridades mundiais permitem tamanha crueldade, verdadeiro genocídio. São pessoas inocentes, que foram expulsas de seus lares, perderam toda sua dignidade e hoje, se não são mortas por bombardeios, morrem de fome. Segundo a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) uma em cada quatro crianças e grávidas atendidas tem desnutrição.

Imagens de crianças esqueléticas não são suficientes para cessar a guerra. Afinal, enquanto famílias inteiras remetem às cenas dos campos nazistas, em fevereiro o presidente dos EUA, Donald Trump, divulgou vídeo feito por inteligência artificial mostrando a área reconstruída, em forma de resort. Gesto com outro vídeo bastante semelhante foi realizado, recentemente, pela ministra da Inovação, Ciência e Tecnologia de Israel, Gila Gamliel.

Estamos presenciando uma limpeza étnica na Faixa de Gaza, para transformar em mais um império do consumo o que um dia foram lares. A matança tem como alvo cerca de 2,3 milhões de pessoas que atrapalham os planos de quem deseja varrer do mapa a história de um território de 362km², equivalente a um quarto de São Paulo.

Nos vídeos divulgados, Gaza renasce das cinzas, com torres grandiosas, pessoas sorridentes, bebendo, comendo, comemorando. Figuras conhecidas como o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o bilionário Elon Musk e Donald Trump festejam. Trump aparece inclusive em uma estátua. Dourada, como ouro de tolo.

Parece mesmo que estamos diante de faraós dos bitcoins, da política que em busca de poder e status leva populações à ruína, à dor extrema da fome, contudo, ainda assim, tais pessoas são tratadas como deuses por uma parte da população, hipnotizada pelas notícias falsas e a idolatria aos bezerros de ouro.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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    Aida Franco de Lima

    Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.