Aida Franco de Lima – OPINIÃO
O brasileiro tem mania de achar que sempre pode dar um jeitinho na situação. E com o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques não foi diferente. Ele escolheu o Paraguai para decolar rumo à sua fuga do Brasil, com destino a El Salvador. Mas não contava com fato de que o seu documento falsificado fosse despertar a desconfiança das autoridades vizinhas. Ele foi preso na madrugada do dia 26, sexta.
Silvinei foi condenado no chamado inquérito da trama golpista. Sua pena é de 24 anos e seis meses, mas como ainda podia recorrer estava com tornozeleira eletrônica morando em São José, do ladinho de Florianópolis (SC).
Quem não se lembra das denúncias da última eleição? A Polícia Rodoviária Federal resolveu fazer blitze justamente em rotas no Nordeste, onde foram mapeadas as urnas em que o então candidato Lula tinha tido mais de 75 % de votos no primeiro turno. Em mais um plano, sob o comando de Silvinei, tentariam impedir que os eleitores chegassem ao seu destino.
Passada a eleição e com uma conta a ser paga à Justiça, Silvinei tinha tudo certo na sua cabeça. O plano perfeito. Só se esqueceu de combinar com os paraguaios. Para evitar que desconfiassem de sua língua nativa, levou a tiracolo uma carta que atestava que ele não tinha capacidade de comunicar-se, por conta de um câncer que afetava seu cérebro. Para dar mais veracidade ao seu problema, tascou um adesivo no pescoço.
- Quando vi na televisão, lembrei-me de quando meu avô usava o “Emplasto Sabiá”. Ele pedia para colocar nas costas, e o adesivo se confundia com sua pele. Silvinei usou o adesivo para tentar confundir os funcionários do aeroporto. Mas, como vimos, não deu muito certo.
Depois que a notícia de sua tentativa de fuga frustrada repercutiu, a internet queria saber uma coisa só: o que foi feito com seu cachorro? Sim, Silvinei embrenhou fuga do Brasil, rumo ao Paraguai, e teria levado um pitbull. Em suas redes sociais, há fotos de dois deles. Porém, durante sua fuga, teria partido com um. De acordo com o site Metrópoles, ele teria deixado o cachorro com amigos de confiança.
Após ser detido no Paraguai, Silvinei foi devidamente expulso do país, já que sua prisão havia sido decretada, e agora vê o Sol nascer quadrado no 19.º Batalhão da Polícia Militar, conhecido como “Papudinha”. O local é usado para a detenção de policiais, militares e outros presos que, por um motivo ou outro, têm regalias e não são misturados com os demais presos.
Recordei ainda aquela música: “Nós vai descer, vai descer; descer lá pra BC no finalzin’ do ano; os bombonzin’ tão bronzeando pra eu chegar e morder…” Silvinei desceu de BC, enquanto o resto da multidão ainda curtia a ressaca do Natal. Esqueceu que não existe plano perfeito. Ainda deixou a sua tornozeleira jogada na rodoviária de Cidade do Leste, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Só faltava mesmo ter usado o pitbull como cão-guia e dizer que era mesmo o Lanterna Verde, como foi carinhosamente apelidado no Brasil.
O roteirista do Brasil, realmente, não tira férias!
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