Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Não sei os índices de audiência, mas desde a última segunda-feira, 9 de junho, do amanhecer ao anoitecer, estão sendo transmitidos ao vivo os depoimentos dos principais envolvidos na tentativa de golpe de estado, após as últimas eleições presidenciais. E o que temos é uma palhaçada sem graça.
Os depoimentos são relativos a uma tentativa de golpe de estado, no dia 08 de janeiro de 2023, mas a impressão é de que tudo não se passava de uma conversa de bar. Assim como foi dito. Ou seja, conversas desinteressadas.
Os depoentes, todos eles, até antes do término do mandato do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, tinham os maiores cargos e as mais altas patentes. Poder, dinheiro, fama, status. Tudo o que tinham até então parece cair por terra, e ali, depondo, confrontados com a verdade, mostram-se acuados, emotivos, indefesos.
O que percebemos são roteiros escritos pelos advogados de defesa com a única finalidade de livrar seus clientes ou de abrandar ao máximo possível suas penas.
Os lapsos de memória são recorrentes. Quando são respostas que lhes interessam, lembram-se dos mínimos detalhes. Porém, quando é algo que pode complicar o destino deles, esquecem, não lembram. Alegam ansiedade, pressão, emoção…
O coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, não se recorda de muitas coisas, mas lembrou detalhes como quando entregou uma caixa de vinho recheada de dinheiro ao major Rafael de Oliveira. Cid atendia ao pedido de Walter Souza Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022. Braga Neto foi quem repassou o dinheiro para Cid, com a finalidade de, entre outros, matar o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes.
No depoimento da terça, 10, pela manhã, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse que o documento que estava na sua casa, a chamada minuta do golpe, foi parar lá por acaso. Como quando a gente passa na rua e alguém entrega um panfleto publicitário e, para não sujar a rua, coloca no carro ou no bolso. Ele teve tempo de ler o documento, inclusive achou erros graves de português. Mas não opinou sobre a gravidade da proposta. Uma rasteira na democracia.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres havia assumido a segurança do Distrito Federal e uma semana depois ele decidiu viajar com a família, para realizar o sonho de seus filhos de conhecer a Disney. Brasília estava fervendo, os acampamentos em frentes às sedes dos Exército em todo o Brasil, e a pessoa responsável por cuidar da segurança da capital federal viaja.
Torres disse que fez, sim, a lição de casa. Deixou tudo organizado, no caso de haver necessidade, visto que existia o burburinho de um ato no dia 8 de janeiro de 2023.
Sobre o celular, que não trouxe do exterior, ele perdeu. Ficou tão nervoso quando soube dos problemas no Brasil, que extraviou o aparelho. Afinal, quem não perde celular?
E segue o baile — ou, melhor, o circo. E os palhaços? Adivinhe onde estão!
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