Aida Franco de Lima – OPINIÃO
De que modo a sociedade do Rio de Janeiro reagiria se, em pleno novembro de 2025, lesse o seguinte título: “Acusado de lavar dinheiro do tráfico no Rio assumirá cadeira na Alerj”? Uma aberração? Uma provocação sem tamanho? Um tapa na cara da sociedade brasileira?
E se houvesse uma, duas, três fotos do governador Cláudio Castro com esse homem? Ou inúmeros vídeos com ambos em eventos? Justo Castro, que hoje surfa com sua popularidade que melhorou depois de sua polícia perder quatro de seus homens, ter outros três gravemente feridos e gabar-se de ter eliminado uma centena de acusados de envolvimento com o tráfico.
E se o mesmo governador pudesse impedir que o homem acusado de envolvimento com o PCC virasse deputado e não fizesse nada para dar-lhe ainda mais poder?
A manchete tem crédito e data. Ela é da revista Veja de 7 de junho. Não está entendendo? Venha comigo que no caminho eu lhe explico.
Estou falando do suplente de deputado estadual TH Joias. Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, chegou a ser preso em 2017 pela Polícia Civil, sob a acusação de lavar dinheiro de facções do tráfico de drogas do Rio por meio de suas empresas. Mas sabe como é, quanto maior o score da banca de advogados, menor o tempo de prisão.
Em 2022, Otoni de Paula Pai foi eleito deputado estadual do Rio de Janeiro pelo MDB, mas faleceu em maio de 2024, vítima de câncer. Sua vaga foi ocupada pelo suplente, Rafael Picciani (MDB), que era o então secretário de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. Porém não ficou três dias no cargo e já retornou para a secretaria, abrindo espaço para o segundo suplente, TH Joias.
- O histórico de TH está nas redes sociais, ostentando com celebridades. Herdou a função de ourives de seu pai e fez de seu nome uma marca. Segundo a Polícia Federal, o ex-deputado usava empresas suas e da esposa para lavar dinheiro para o tráfico e pagar corrupção.
 
Se um pingo é letra, imagine vários deles. O governador Cláudio Castro pelo visto não tinha uma figura à altura do cargo de secretário e fez igual a Zeca Pagodinho e deixou a vida o levar…
Contudo, por uma coincidência do destino, depois que o mesmo TH Joias foi acordado pela Polícia Federal e detido, Picciani deixou de ser insubstituível e voltou a ocupar sua vaga de deputado estadual pelo Rio de Janeiro.
Fotos de Castro e TH, assim como outros parças, circulam nas redes sociais. TH continua preso, não sabemos por quanto tempo. E Castro rindo feito condenado. Aliás, trocadilho à parte, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa, nesta terça-feira (4), o julgamento de uma ação que pode levar à sua cassação. Ele, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), Rodrigo Bacellar (união Brasil), e outros 11 aliados são acusados de abuso de poder político e econômico durante as eleições de 2022. A fruta não cai longe do pé.
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