“Segunda-feira negra” no Paraguai, com mortes, novos casos de covid-19 e mais pacientes internados

Duas dos três mortes pela doença ocorreram no departamento de Alto Paraná, onde fica a vizinha Ciudad del Este.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

As autoridades de saúde do Paraguai mais uma vez mostram preocupação com o aumento de casos, de internamentos e de mortes pela covid-19.

"Ontem (segunda-feira, 13) foi um dia negro em geral, não só pelos falecidos, mas também porque tivemos um ingresso importante de casos positivos e, outra vez, entrada de pacientes em terapia", disse o presidente da Sociedade Paraguaia de Pneumologia, José Fusillo, segundo os jornais La Nación e Hoy.

Fusillo disse que os três pacientes que morreram tinham comorbidades. "Mas isso não é 'desculpa' para as mortes", afirmou. Uma das vítimas fatais da doença tinha 21 anos. Segundo o especialista, se essas pessoas não tivessem contraído o vírus, nenhuma iria morrer agora.

O Paraguai encerrou a segunda-feira com 2.980 casos positivos, 1.293 pacientes recuperados e 25 mortes, segundo o balanço do Ministério de Saúde Pública. Há 17 pessoas internadas em enfermaria, enquanto outras 10 estão sob cuidados intensivos.

Alto Paraná

Em Alto Paraná, cuja capital é Ciudad del Este, sobe para seis o número de mortes, com as duas registradas na segunda-feira. Uma das vítimas tinha 74 anos e morava em Presidente Franco. A outra é uma jovem de 21 anos, moradora em Hernandarias.

O diretor da 10ª Região Sanitária do Paraguai, Hugo Kunzle, disse que, nos últimos três dias, quatro pessoas morreram por covid-19 em Alto Paraná, por isso instou os moradores a não baixar a guarda e fazer o máximo esforço para cumprir todas as recomendações sanitárias.

"Pedimos à população para não expor muito nossos avozinhos, que eles recebam poucas visitas, somente o necessário. É um momento crucial para nosso departamento", afirmou, segundo o jornal Última Hora.

"Estamos vendo um relaxamento em toda a comunidade, em toda a população em geral, principalmente nos finais de semana", disse ainda Hugo Kunzle.

Segundo ele, estão ocorrendo muitos contágios em eventos sociais, em ginásios e, nos últimos dias, "também em ambientes de trabalho, o que não estava ocorrendo em semanas anteriores".

Fases da quarentena

Já o presidente da Sociedade Paraguaia de Pneumologia, José Fusillo, afirmou que mais casos e mortes eram esperados com o avanço para a fase 3 da quarentena, que liberou a maioria das atividades econômicas.

À liberação se soma o relaxamento dos moradores e a perda da disciplina com as medidas sanitárias, disse o especialista, principalmente a lavagem de mãos, o uso de máscaras faciais e o distanciamento físico, fundamentais para evitar um contágio massivo, como lembrou o La Nación.

Falta de insumos

Quanto mais casos, mais riscos para os profissionais de saúde. A médica Rossana González, porta-voz do Sindicato Nacional de Médicos, disse que, a cada paciente com covid-19 que entra num hospital, 50 médicos e enfermeiros entram em quarentena, pela falta de equipamentos de biossegurança, conforme o La Nación.

A falta de utilização dos equipamentos de biossegurança pode ter duas explicações, segundo Rossana: "é porque não querem (usar) ou porque não têm".

Segundo ela, o Ministério da Saúde conta com US$ 400 milhões para utilizar na pandemia, portanto o problema não é falta de dinheiro, mas sim de não haver uma previsão para seu uso.

A porta-voz do Sindicato Nacional de Médicos disse que o Paraguai não tem infraestrutura nem quantidade suficiente de profissionais para atender um aumento de casos do novbo coronavírus.

"É preciso se cuidar e tomar todas as medidas de biossegurança e distanciamento, porque se todos desistirmos disso, vamos todos ficar doentes e morrer. Isto depende de todos, estamos saindo para trabalhar e recuperar a economia, mas se não nos cuidarmos, isso pode voltar atrás e ser pior".

Telefone

Para dar uma ideia do que é a preocupação com a covid-19, o telefone 154, por onde se obtêm informações sobre sintomas respiratórios e quais medidas de isolamento adotar durante a pandemia, já recebeu 77 mil ligações.

São mais de mil por dia, número que vem aumentando nos últimos dias, noticia o jornal ABC Color.

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