Deputado paraguaio negacionista põe na cabeça, como “máscara cirúrgica”, cueca com orelhas de burro

A cena é tão ridícula que até a imprensa paraguaia ficou constrangida de registrar. O La Clave, de Ciudad del Este, chamou o deputado de histriônico.

Apoie! Siga-nos no Google News

A cena é tão ridícula que boa parte da imprensa paraguaia ficou constrangida de registrar. O La Clave, de Ciudad del Este, chamou o deputado de histriônico.

Imagine a cena: em meio a uma sessão da Câmara de Deputados do Paraguai, um deles aparece com uma “máscara cirúrgica caseira”, como ele disse: uma cueca com duas orelhas de burro.

E com “motivação”: o deputado Jorge Britez, eleito por Alto Paraná, é contra o uso obrigatório de máscaras. Ele já chegou até a queimá-las num ato público (com pouca gente) em Ciudad del Este, no auge da pandemia de covid-19.

O negócio dele é criar polêmica, “aparecer”. Até que conseguiu. Mas a imprensa de Assunção não deu bola pro caso.

O que você achou da “máscara caseira” do deputado? Combina com a cara e com o que ele pensa. Foto de sua página no Twitter

Já o jornal La Clave, de Ciudad del Este, publicou: “Nova ridícula atuação de Brítez na sessão de Deputados”.

No texto, o jornal diz que “o histriônico deputado alto-paranaense Jorge Brítez (Independente) continua com as palhaçadas. Esta manhã (de ontem, quarta), ele iniciou a sessão ordinária na Câmara Baixa com uma ‘máscara caseira’, no dizer dele, reconhecido negacionista da covid-29 e declarado antivacinas”.

O jornal critica que por muito menos outros deputados foram chamados à atenção, mas de Brítez aparentemente “qualquer coisa se tolera”.

Quando são consultados, diz La Clave, os colegas de Brítez, em tom de tristeza e em voz baixa, dizem que ele “não está bem da cabeça”.

Porém, “ao invés de recomendar ajuda psiquiátrica ao polêmico legislador, preferem ignorá-lo e permitir que suas perigosas ideias, negando a existência de covid-19 e sustentando que as vacinas anticovid são parte de um ‘complô mundial para reduzir a população do planeta’, sejam disseminadas no Parlamente e, por consequência, cheguem à opinião pública”, conclui La Clave.

POLÊMICAS

Sem camisa pra atacar medidas contra a pandemia, no ano passado. Agora, cueca contra a máscara.

Jorge Brítez adora “aparecer” de forma tão ridícula, de fato, que até alguns de seus adeptos o criticam. Mas há, infelizmente, os que o apóiam.

Não é por acaso que, embora o Paraguai tenha em estoque 2 milhões de vacinas, apenas 10 mil paraguaios, diariamente, procurem os postos pra se imunizar. Enquanto isso, a covid-19 avança em casos e mortes.

Brítez, em dezembro, apresentou um projeto de lei para modificar a legislação sobre o uso de máscaras cirúrgicas em lugares abertos, públicos ou privados, por considerá-la “arbitrária”.

No mesmo mês, o deputado fez uma “manifestação” em Ciudad del Este em que ele e alguns partidiários queimaram máscaras numa via pública. Ao dar a notícia, o ABC Color classificou a manifestação como “vexaminosa”.

Em junho do ano passado, em protesto contra as medidas de combate à pandemia, tirou a camisa em sessão virtual da Câmara de Deputados, dizendo que a economia de Alto Paraná estava sendo prejudicada.

Mas tudo isso é pouco perto do que ele fez nesta quarta-feira, 17, com a tal “máscara caseira”.

No Twitter, talvez em citação de alguém, Brítez disse que “a máscara é uma tortura silenciosa, além de prejudicar nossa saúde, violar nossos direitos. É uma ferramenta de submissão”.

No Twitter, muitas repercussões negativas, apesar de ele receber 146 “likes” e 43 retuítes:

“Não é engraçado, supomos que estamos lutando por algo sério.”

“Este tipo de publicações é o que me motiva a ir embora do país.”

“Sr. deputado, com todo respeito: você é um perigo.”

“Nunca se esqueçam que este tipo cobra seu salário de nossos impostos, enquanto há muita gente jovem com estudos que nem sequer teve oportunidade de um cargo administrativo em uma prefeitura.”

“Muitas famílias perderam um familiar por causa da covid e este aparato, que se supõe seja ‘representante do povo’, escarnece de todos aqueles que estão de luto e de outros suando para pagar dívidas e hospitais pós-pandemia.”

“Eu perdi um ente querido e te digo que esta pessoa me representa, mas sim, creio ser necessário usar máscara.”

“Ganhas mais de 30 milhões (R$ 24 mil) e a única coisa que fazes é nos fazer passar vergonha como país, enquanto os médicos se matam nos hospitais e há redução orçamentária para a educação. És uma vergonha!”

“Sigo sustentando que as pessoas de Ciudad del Este são uns sem-cérebros para ter esta classe como representante.”

Do Twitter do deputado, algumas postagens mostram o que pensa:

Manifestação contra a máscara, em Ciudad del Este. Foto: Twitter do deputado
Manifestação dele e de um pequeno grupo em favor do médico Victor Villa. Negacionista, o médico diz que a vacina contra covid-19 é que está matando as pessoas, não a doença. Foto Twitter do deputado
Como o ridículo não tem limites, em dezembro do ano passado o deputado promoveu uma “queima” de máscaras cirúrgicas. Atuação “vexaminosa”, disse o jornal ABC Color.

Caro leitor, veja se esta matéria, ao ser publicada no Facebook e no Twitter, não encontrará defensores do deputado, aqui mesmo no Brasil. Eles existem, infelizmente, em maior ou menor grau de senso de ridículo.

LEIA TAMBÉM

Comentários estão fechados.