Representantes de organismos de direitos humanos e organizações sociais fizeram, nessa sexta-feira, 30, um movimento pacífico em frente ao consulado paraguaio em Foz do Iguaçu em prol da campanha internacional em solidariedade à família Villalba.
O grupo entregou ao representante consular uma carta endereçada à Embaixada do Paraguai no Brasil para tratar do desaparecimento de Lichita Villalba, 14 anos, e das condições desumanas pelas quais passam a mãe dela, Carmen Villalba, a tia Laura Villalba e Francisca Andino.
As mulheres estão detidas na Penitenciária de Segurança Máxima em Minga Guazú, região de Ciudad del Este.
Conforme as denúncias, Lichita Villalba foi sequestrada por um destacamento da Força Tarefa Conjunta (FTC), das Forças Armadas paraguaias, em uma operação que resultou na morte de duas crianças: Maria, filha de Laura, e Lilian.
Em 2020, Lichita, que vivia na Argentina, foi ao Paraguai para conhecer parentes que fazem parte do Exército do Povo Paraguaio (EPP), porém com a pandemia as fronteiras foram fechadas, obrigando-a a permanecer no país.
A família relata que montou um pequeno acampamento em meio à mata até que fosse possível voltar à Argentina. No entanto, a FTC atacou o local e matou as meninas Maria e Lilian.
Lichita ficou ferida e não podia caminhar. Ela teria sido vista pela última vez pela tia Laura na região de Cerro Guazú, Amambay em novembro de 2020.
Carmen está presa desde 2005. Com a repressão do governo do Paraguai, parte da família Villalba se refugiou na Argentina. Porém, o atual governo retirou o status de refúgio, obrigando o núcleo familiar a procurar ajuda na Venezuela.
A família de origem camponesa é conhecida pela luta em prol da reforma agrária no Paraguai.
Mulheres estão em condições desumanas
O documento entregue ao consulado menciona que as presas estão em condições de isolamento absoluto em pequenas celas desde 12 de outubro de 2024.
Elas perderam o direito ao estudo, trabalho, não têm alimentação adequada, pouco acesso a água potável, passam por revistas abusivas diárias e não podem receber visitas.
Carta semelhante também foi entregue ontem no Consulado do Paraguai em Buenos Aires e no de Montevidéu.
Uma das participantes do movimento, a argentina Marcela Santucho ressalta a condição desumana das mulheres no cárcere. “Elas estão em condições de tortura e não recebem cartas.”
Ela pede a liberdade das companheiras, a localização de Lichita e que também se faça justiça pelas outras duas crianças mortas.
Assinam a carta organizações sociais, de direitos humanos e partidos políticos do Brasil, Paraguai e Argentina.