Apesar de pronta e inaugurada, a Ponte da Integração, que liga Foz do Iguaçu a Presidente Franco, não deve operar em plena atividade em 2026 em razão de atrasos em obras, que inviabilizam, principalmente, a circulação de caminhões carregados.
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O maior entrave está no lado paraguaio, onde ainda é necessário concluir o Corredor Metropolitano del Este (CME). São mais de 30 quilômetros de rodovias que irão interligar os municípios de Presidente Franco, Ciudad del Este, Hernandarias, Minga Guazú e Los Cedrales.
Apesar de a aduana, o porto seco e a ligação urbana com Presidente Franco já estarem prontos, ainda é preciso concluir a ponte sobre o Rio Monday, cuja previsão de entrega é para o final de 2026 ou para o primeiro semestre de 2027.
“Nesse cenário, não se vislumbra que caminhões carregados consigam passar pela Ponte da Integração, porque o acesso pelo Paraguai não foi concluído”, afirma o chefe da Alfândega da Receita Federal, Cezar Vianna.
Sem essas obras, a circulação de caminhões carregados na região fica inviabilizada, uma vez que a cidade de Presidente Franco não possui estrutura viária adequada para esse tipo de tráfego.
A circulação de caminhões vazios foi liberada porque esse tipo de veículo representa um volume significativamente menor e causa menos impacto às vias urbanas, ao contrário dos caminhões carregados.

Aduanas ainda têm pendências
No Brasil, ainda há pendências relacionadas às duas aduanas. A aduana da Ponte Tancredo Neves, na fronteira entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú, ainda não foi entregue. O atraso da obra deve-se à necessidade de concluir uma estação elevatória de esgoto, segundo a Receita Federal.
A responsabilidade pela obra é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a fiscalização cabe ao Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR).
Pelo fato da aduana da Argentina não estar em operação, apenas caminhões que fazem o circuito Brasil e Paraguai transitam pela Ponte da Integração, que também é interligada com a Rodovia Perimetral Leste, que tem 14,7 quilômetros e chega até BR-277.
A outra aduana, na fronteira com o Paraguai, foi recebida provisoriamente pela Receita Federal e inaugurada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 19 de dezembro. No entanto, durante vistoria na obra, engenheiros da Receita Federal identificaram uma série de inconformidades que não impedem o funcionamento da edificação, mas precisam ser corrigidas.
Os problemas, registrados em um relatório de aproximadamente 300 páginas, incluem falhas na tensão de disjuntores, que possivelmente ocasionaram a queda de energia registrada no dia da inauguração da ponte, durante o discurso do presidente Lula.
Também foram identificados vazamentos e falhas no acabamento da edificação. Todas as deficiências serão encaminhadas à construtora responsável para correção, afirma Vianna.
Diante desse cenário, a Ponte da Integração está liberada apenas para a circulação de caminhões vazios, nos dois sentidos, das 22h às 5h, período no qual o impacto viário sobre a cidade de Presidente Franco é menor.
Em janeiro, também será liberada a passagem de ônibus de turismo fretados, das 19h às 7h. Já em março de 2026, durante reunião da Comissão Mista Brasil–Paraguai, será debatida a possibilidade de liberação do tráfego de veículos de passeio, motocicletas e pedestres.
Construída para desafogar o trânsito intenso da Ponte da Amizade que recebe um fluxo diário de 100 mil pessoas e 45 mil veículos, segundo a Receita Federal, a Ponte da Integração tem 760 metros de extensão e um vão-livre de 470 metros, o maior do continente.


