O presidente do Paraguai, Santiago Peña, disse ter ficado com um “gosto amargo” na boca após o desencontro com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para a inauguração da Ponte da Integração.
Leia também:
Histórico: assista à passagem do primeiro caminhão pela Ponte da Integração
Por questões de agenda, Lula presidiu a “inauguração brasileira” da ponte, na tarde de sexta-feira (19), em Foz do Iguaçu. Já Peña conseguiu fazer a “inauguração paraguaia”, em Presidente Franco, somente no sábado (20), após a Cúpula do Mercosul.
Em seu discurso durante a reunião do Mercosul, o presidente do Paraguai lamentou não ter “dado um abraço” em Lula no alto da ponte. No entender de Peña, o desencontro ocorreu devido à burocracia.
“Mesmo dentro do meu incurável otimismo, também tenho de ser realista. Preciso dizer porque ficou um gosto amargo na minha boca, pois vejo que, apesar dos avanços, ainda há uma mesquinhez política”, discursou o presidente do Paraguai.
“Isso vai além dos discursos que repetimos a cada seis meses nessas cúpulas, quando, depois, temos que implementar muitas das ações, e não vejo muitos avanços”, apontou.
“E um exemplo, presidente Lula, que você mencionou, foi a inauguração da Ponte da Integração no dia de ontem [sexta-feira]. E, nisso, assumo em parte a responsabilidade, mas, na realidade, a responsabilidade do meu chanceler e do seu chanceler”, indicou.
“Não posso compreender que, depois de 50 anos [sic] da inauguração da Ponte da Amizade, as chancelarias não consigam chegar a um acordo [de agendas] para que possamos nos encontrar no meio da Ponte da Integração e celebrar um fato histórico”, queixou-se Peña.
Inauguração da Ponte da Integração no Paraguai
Horas mais tarde, em Presidente Franco, durante a inauguração da aduana paraguaia, o presidente voltou a mencionar o episódio e a questionar a descoordenação.
Na sexta-feira, Lula também mencionou o episódio, afirmando que gostaria que Peña estivesse presente, mas que não houve forma de conciliar as agendas.
Inauguração da Ponte da Bioceânica
Em sua fala, Santiago Peña lançou um desafio. “Já lhe deixo um desafio, presidente Lula, aqui com testemunhas qualificadas. Em pouco tempo, vamos inaugurar outra ponte, entre Carmelo Peralta, no Paraguai, e Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul”, considerou.
“Se quiser, você me dá seu telefone, eu lhe dou o meu, e coordenamos eu e você a melhor data, porque, claramente, os chanceleres mostraram que não são capazes”, alfinetou Peña. “Mas eu quero estar com você e dar-lhe um abraço no dia da inauguração dessa ponte [da Bioceânica].”
“É a burocracia, presidente. O que podemos fazer?”, arrematou Peña, que usou tom ameno, mas não deixou de manifestar seu descontentamento.

