O governo do Paraguai deu por oficialmente encerrada a “crise da espionagem” com o Brasil, desencadeada em março de 2025.
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Na ocasião, o jornal Folha de São Paulo publicou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) espionou, entre junho de 2022 e março de 2023, autoridades paraguaias ligadas às negociações sobre a usina de Itaipu.
Conforme o governo brasileiro, o monitoramento começou na gestão de Jair Bolsonaro e terminou quando o novo diretor da Abin, nomeado por Lula, tomou posse.
Neste ano, quando o escândalo veio à tona, o Paraguai determinou a interrupção das conversações com o Brasil quanto à usina, exigindo explicações oficiais.
Em novembro, autoridades brasileiras entregaram ao país vizinho um relatório sobre o caso. Santiago Peña, presidente do Paraguai, confirmou ter recebido o documento, arquivado e classificado como sigiloso, por representar material sensível.
“O Brasil reconheceu publicamente a espionagem”, afirmou Peña, durante participação em um podcast com jornalistas de vários veículos de comunicação do Paraguai.
“Recebemos o documento, classificado pela Lei de Inteligência e declarado como sigiloso. Todos os países do mundo fazem assim”, argumentou o presidente, negando a intenção de esconder do público as conclusões do relatório.
“Dissemos ao Brasil que, se não houvesse explicação oficial, não nos sentaríamos mais à mesa de negociações. E eles [negociadores brasileiros] entregaram a explicação”, resumiu Peña.
Brasil e Paraguai estão em processo de revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as bases financeiras para o funcionamento da usina. De acordo com os negociadores, o Anexo C influi, entre outros pontos, na definição das tarifas de energia cobradas pela hidrelétrica.

