Como é viver em um território diretamente impactado por duas grandes obras rodoviárias? Manuel Corman sabe bem disso. Ele mora em Foz do Iguaçu, no bairro Mata Verde, região encurralada pela pavimentação da Perimetral Leste e a duplicação da Rodovia das Cataratas (BR-469).
Essa experiência em meio ao caos do barulho das máquinas, das motosserras cortando árvores e banhados soterrados para não existirem mais pode ser vista na exposição Self (Y) GuaSSu: A região das 3 Fronteiras de um olhar estrangeiro: Rue des Plantes (Paris) — Bairro Mata Verde (Eixo do Capricórnio, Foz do Iguaçu).
Com fotos, vídeos, colagens, cordéis e instalações, a exposição é fruto de um trabalho de mestrado defendido neste ano por Manuel na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), sob orientação da professora Ana Silvia Andreu da Fonseca.

Nascido em Paris e graduado em Cinema, o autor traz um olhar estrangeiro para a região das Três Fronteiras. A proposta dele foi testemunhar e compreender o impacto das obras não apenas no espaço físico, mas também na vida cotidiana e na relação dos moradores com o lugar.
Ele conta que cada foto feita representa um jeito ver o conflito e o território. E parte da experiência não é nada agradável, porque o território acaba sendo violentado com o desmatamento, agressão de zonas úmidas e camadas geológicas destruídas, caracterizando um ecocídio.
“Comecei a ver o lugar como um campo de guerra. Essa é uma das razões de algumas fotos estarem em preto e branco. É um campo lexical de guerra”, frisa.
Entre as cenas bélicas podem ser observadas imagens de terras amontoadas e remexidas que remetem a trincheiras, além de grandes buracos, troncos de árvores caídos ao chão, causando impressão de devastação.

Eclética, a mostra tem imagens de Paris e de cidades por onde Manuel circulou antes de chegar a Foz do Iguaçu, revelando raízes e deslocamentos.
Iniciada em 2021, a obra da Perimetral Leste pegou os moradores de surpresa, porque não houve aviso prévio. Manuel relata que quem anunciou o início dos trabalhos foram os motosserras. “Um ônibus com umas 50 pessoas com motosserras chegou”, revela, referindo-se aos trabalhadores contratados para fazer o serviço.

Visitas à exposição
A exposição está aberta para visitação até dia 18 de dezembro, mediante agendamento prévio. Os contatos são: (45) 99123-7701 e selfyguassu@gmail.com.
Instagram: @selfyguassu


