Hitler viveu e morreu no Paraguai? Uma versão alternativa da História

Jornalistas brasileiros lançam livro com nova teoria sobre o líder nazista, que repercute na imprensa do Paraguai.

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Jornalistas brasileiros lançam livro com nova teoria sobre o líder nazista, que repercute na imprensa do Paraguai.

Que o Paraguai abrigou nazistas é uma realidade. Joseph Mengel, o “anjo da morte”, viveu na Argentina, depois em uma fazenda no Paraguai e morreu no Brasil, em 1979, sem pagar por seus crimes.

Mas Adolf Hitler, o supremo líder nazista, também viveu e morreu no Paraguai? Esta teoria foi lançada pelo argentino Abel Basti em 2014, no livro “Tras los pasos de Hitler”, que provocou grande impacto na época, “mas também ceticismo”, como diz Andrés Colmán Gutiérrez, em artigo especial para o jornal Última Hora.

O motivo da descrença é que Basti contou que Hitler morreu em 1973 e foi enterrado secretamente, num terreno onde depois foi erguido um hotel. O problema é que o argentino não soube precisar qual hotel seria este, que seria de donos alemães.

Abel Basti embasou sua teoria no testemunho do sargento do Exército brasileiro Fernando Nogueira de Araújo, que assegurou ter assistido a uma cerimônia fúnebre secreta, na noite de 1º de janeiro de 1971, “em plena ditadura stronista”, como destaca o colunista paraguaio.

Quem entrevistou o sargento brasileiro, como colaboração com Abel Basti, foi o jornalista brasileiro Marcelo Netto.

LIVRO DOS BRASILEIROS

É foi justamente Marcelo Netto, em conjunto com outro brasileiro, Aldo Gama, quem lançou o livro “O homem que enterrou Hitler” ( Editora Contracorrente, São Paulo, 2021).

Andrés Colmán Gutiérrez considera o livro “um intrigante relato alternativo da História”, já que a versão oficial é de que Hitler se suicidou em Berlim, em 1945.

Embora apresentada como ficção, a história narrada pelos brasileiros se baseia em muitos dados confiáveis. O site Nerd Recomenda diz que se percebe, “ao longo da leitura, que muitas das informações contidas na obra são baseadas em uma minuciosa e coerente investigação jornalística, realizada pelos próprios autores”.

E qual é esta versão? A de que Hitler veio em 1945 para a Argentina, viveu também no Brasil, onde morreu em 1971, e teve um segundo enterro secreto num bunker de Assunção, sobre o qual foi construído um hotel.

No livro de Basti, especulava-se que o hotel seria o “El TiroL”, localizado em Capitán Miranda, departamento de Itapúa; ou o Hotel del Paraguay, em Assunção; ou ainda o Hotel del Lago, em San Bernardino.

Marcelo Neto contou ao Última Hora que manteve contato pela primeira vez com o sargento que disse ter assistido à cerimônia fúnebre de Hitler em maio de 2007. O sargento visitou a redação do jornal onde ele trabalhava e lhe deu o endereço do hotel em Assunção: “Rua Espanha, 202”.

Ali, em 1973, segundo o sargento, havia apenas uma construção subterrânea, com dois ou três andares, a que se tinha acesso com um elevador. Mais tarde, “construíram em cima um hotel alemão”, contou o sargento.

Em 2012, quando foi a Assunção para entrevistar o então presidente paraguaio Fernando Lugo, Netto hospedou-se no hotel que existia no número 202 da Rua Espanha.

Era o Hotel Palmas del Sol, pertencente a uma “sociedade de auxílio germano-paraguaia”. Ele não pôde confirmar se havia um bunker sob o hotel, mas chamou-lhe a atenção o desnível existente em várias partes da edificação.

E O BUNKER?

Ao passar pela recepção do hotel, contou, é preciso descer umas escadas, que ficam abaixo do nível da rua. A cozinha do hotel ficava ainda mais abaixo, praticamente num porão.

Quando decidiu escrever o livro, pediu a ajuda de Aldo Gama. E criaram um romance que mescla realidade e ficção, como diz o redator do artigo do Última Hora.

No livro, conta Andrés Colmán Gutiérrez, os dois brasileiros distribuem ao longo das páginas um código, com números, letras e signos em cor vermelha, que agrupados formam as coordenadas 25º17’03.0″S57º37’34.2″W.

Pelo Google Maps, quando se coloca estas coordenadas, aparece o local sobre a Rua Espanha, constatou Gutiérrez.

Marcelo Netto reconhece que “realmente não é fácil acreditar numa versão que vai na contramão da história oficial. Desconstruir o senso comum é complicado. Ainda mais por não existir até o momento uma prova irrefutável para desmontar a hipótese de que Hitler se matou”.

Mas lembra que, “por outro lado, as pessoas também não se questionam do contrário, de que do mesmo modo não há provas do seu suicídio. Queremos, com o livro, pelo menos dar a possibilidade ao leitor de questionar isso”.

MENGELE

Só para lembrar, Josef Mengele, o “anjo da morte” dos campos de concentração nazistas, que teria matado 400 mil pessoas em câmaras de gás,
tinha identidade paraguaia, com o nome de José Mengele, concedida pela Suprema Corte de Justiça a pedido do ditador Alfredo Stroessner.

No Paraguai, Mengele tinha ligações com pessoas influentes da política e da alta sociedade, incluindo as de colônias de alemães existentes no país.

Sempre perseguido pelo Mossad, o serviço secreto israelense que capturou nazistas mundo afora, Mengele vivia bem, mas com medo. Mesmo no Brasil. Num de seus diários, ele conta que tinha um sonho recorrente. “`Às vezes sonho com uma guilhotina”, escreveu.

E com razão: em maio de 1960, o comando israelense sequestrou o nazista Adolf Eichmann, que depois foi julgado e condenado à morte, em Israel, por crimes contra a humanidade.

Mengel chegou à Argentina em 1948, com documento falso da Cruz Vermelha. Com amigos no governo do então ditador argentino Juan Domingo Perón, teve uma boa vida, com mansão e carro de luxo. E vivia dos ganhos com a venda de maquinário agrícola de sua empresa familiar para clientes paraguaios.

Em 1959, quando a Alemanha emitiu uma ordem de prisão contra ele, Mengele decidiu morar no Paraguai, onde tinha muitos contatos com nazistas paraguaio-alemães.

A temporada no Paraguai foi mais curta que na Argentina. Viveu também no Brasil, no município de Embu das Artes, perto da capital paulista. Ali ele morreu afogado no mar, em 1979, aos 67 anos.

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