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Mulher paraguaia: jornal retratava a força e os desafios em 1996

O impresso Ponte da Amizade apresentava um retrato profundo sobre a condição feminina no Paraguai e na fronteira, na virada do milênio, a partir de dados do censo.

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Mulher paraguaia: jornal retratava a força e os desafios em 1996
A reportagem também detalhava o “caminho inverso ao dos sacoleiros” - foto: Museu da Imprensa/reprodução
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Em uma reportagem abrangente, baseada em dados censitários, no ano de 1996, o jornal Ponte da Amizade, que circulava na fronteira trinacional, retratava a força e os desafios da mulher paraguaia na virada do milênio. A edição está disponível para acesso online no Museu da Imprensa de Foz do Iguaçu.

O texto, assinado por Ana Maria Mejia, apresentava um retrato profundo sobre a condição feminina no Paraguai e na fronteira. O país ainda via a mulher majoritariamente sob a definição de “dona de casa”, com apenas 24% da população feminina inserida formalmente no mercado de trabalho, diante de 76% da participação dos homens.

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Esses números foram extraídos do censo de 1993 do país vizinho. A reportagem também detalhava o “caminho inverso ao dos sacoleiros”: enquanto brasileiros buscavam eletrônicos, mulheres paraguaias cruzavam diariamente a fronteira para vender alimentos, como a sopa paraguaia e a chipa, além de ervas medicinais, em Foz do Iguaçu.

Personagens como Clara Volgado e Marialice Acunha ilustram essa labuta. À época, Clara buscava “testar o mercado” em Ciudad del Este, enquanto Marialice, grávida, revelava a face cruel da violência doméstica, afirmando, de forma conformada, que o marido “só batia quando bebia”.

Mulher paraguaia

O conteúdo do Ponte da Amizade, editado pelo jornal de circulação estadual Folha de Londrina, faz um mergulho histórico ao citar a Guerra do Paraguai. A matéria lembra que as mulheres foram a principal força de reconstrução do país após o conflito entre as nações vizinhas.

Contudo, em 1996, a legislação ainda era punitiva apenas para elas, com o adultério sendo crime passível de condenação feminina, e o assédio sexual no trabalho sendo omitido para evitar demissões. A sindicalista Miguela Nunes surge como voz de denúncia, destacando que, apesar de serem maioria no comércio, as mulheres ainda eram excluídas das decisões e tinham seus direitos negligenciados pela polícia.

Para essas mulheres, a Ponte da Amizade funcionava como uma corda bamba: um caminho necessário para o sustento, mas que exigia equilíbrio constante entre o peso da tradição histórica e a urgência da sobrevivência diária.

Museu da Imprensa

Acervo digital de jornais, revistas e publicações impressas de Foz do Iguaçu, com acesso público e gratuito. Reúne documentos que testemunham a trajetória do município e de sua gente, em imbricação com as Três Fronteiras — Argentina, Brasil e Paraguai.

A coleção inicial reúne quase 20 mil páginas, cobrindo um período histórico de seis décadas, a partir de 1953. O conteúdo é resultado do esforço coletivo de resgate, preservação e valorização desse patrimônio. O projeto é uma iniciativa da Associação Guatá, com apoio da Itaipu Binacional.

Acessewww.museudaimprensafoz.com.br

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Capa do impresso Ponte da Amizade, de 1996 – imagem: Museu da Imprensa/reprodução

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    Paulo Bogler

    Paulo Bogler é repórter do H2FOZ. Com enfoque em pautas comunitárias, atua na cobertura de temas relacionados à cidade, política, cidadania, desenvolvimento e cultura local. Tem interesse em promover histórias, vozes e o cotidiano da população. E-mail: bogler@h2foz.com.br.

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