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História

Resgate

Padre Arturo Paoli viveu em Foz do Iguaçu entre os pobres e como os pobres

Religioso que criou a AFA, para manter projetos sociais junto com a comunidade, foi entrevistado pelo jornal Nosso Tempo em 1989.

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Padre Arturo Paoli viveu em Foz do Iguaçu entre os pobres e como os pobres
Religioso fez da solidariedade o seu compromisso de vida – foto: Nosso Tempo/reprodução
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Já foi dito que o melhor ensinamento é o do exemplo. Em Foz do Iguaçu, Padre Arturo Paoli aliou solidariedade e prática, vivendo entre os pobres e como os pobres, denunciando mazelas sociais e construindo alternativas para que comunidades populares garantissem direitos como renda, saúde, moradia e transporte público.

O religioso italiano foi entrevistado pelo jornal Nosso Tempo em abril de 1989, quando tinha 76 anos. Expressou sua visão de sociedade e o papel da Igreja diante dos problemas mundanos, retratando seu trabalho em prol das populações vulneráveis.

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Nascido na Toscana, Itália, ordenado sacerdote em 1940, andou pelo mundo, especialmente na América Latina. Vivenciou os contrastes entre os poucos com muito e os muitos com quase nada. Ajudou a constituir formas de organização e projetos populares. Veio para Foz do Iguaçu em 1987.

Em 1991, Padre Arturo ajudou a criar a Associação Fraternidade Aliança (AFA), na região do Porto Meira, entidade que atua ainda hoje em várias frentes. Na época, o enfoque do religioso era promover a cidadania e superar a pobreza de pessoas que moravam no bairro Boa Esperança.

Padre Arturo Paoli

Nas periferias iguaçuenses, o padre, por exemplo, preferia andar de ônibus para saber como era a realidade enfrentada diariamente pelo povo que usava o transporte coletivo. “Não tem, nem quer ter em casa, aparelho de televisão”, escreveu o Nosso Tempo.

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A casa em que vivia no Porto Meira foi construída pelos moradores, em mutirão. Padre Arturo não quis que fosse colocado forro na moradia simples, já que a maioria das residências do lugar não era forrada. Sua renda? Dos livros que escreveu, cerca de duas dezenas, editados em vários países.

Em sua lida, rezava missas e cuidava dos assuntos pastorais, como a catequese. Em um dos projetos sociais, incentivou a criação de uma padaria comunitária gerida por mulheres. E questionava as contradições sociais que distanciavam a vida do povo e a de setores privilegiados.

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“A orientação política do país é para a produção, mas não para a distribuição das riquezas”, disse, na entrevista concedida no final da década de oitenta. “Há um abandono do povo que eu nunca tinha visto antes”, criticou o padre que dedicou sua vida aos mais pobres.

Deixando um relevante legado em Foz do Iguaçu, Padre Arturo Paoli voltou para a Itália. Aos 102 anos, faleceu na cidade de Lucca, em 2015.

Leia a intrevista na íntegra.

História de Foz a um clique

O portal Nosso Tempo Digital reúne todo o acervo do jornal, projeto lançado para marcar o aniversário de 30 anos do periódico rebelde. Assim, o objetivo é preservar a memória da cidade, facilitar o acesso à história local e regional, e democratizar a consulta ao acervo midiático por meio da internet.

O acesso é gratuito. O acervo constitui fonte valiosa para o morador desejoso de vasculhar a história da cidade e de seus atores, contada nas 387 edições do jornal que foram digitalizadas, abrangendo de dezembro de 1980 a dezembro de 1989.

*Texto produzido sem pesquisa adicional.

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