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História

Para lembrar: filas no único orelhão com ficha em bairro popular de Foz do Iguaçu

Moradores obrigados a esperar para usar o aparelho ficavam na bronca com a Telepar; veja como o jornal Nosso Tempo registrou.

3 min de leitura
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Reprodução da foto publicada pelo jornal Nosso Tempo, em 1981.

Para quem não desgruda do celular para nada, talvez seja difícil imaginar como seria ter um único aparelho de telefone público no bairro. E não era uma localidade pequena, mas a região do Morumbi, conhecido antigamente como Rincão São Francisco, com mais de 20 mil moradores.

Em 1981, o Nosso Tempo expôs o problema na edição n.º 10, sem poupar a crítica dos moradores ao órgão responsável pelo serviço, a antiga Telepar. O jornal circulou em Foz do Iguaçu nas décadas de 1980 e 1990, e dava voz às comunidades populares, com linha editorial de oposição à ditatura militar e ao regime de interventores na prefeitura.

O título da matéria não poderia ser mais chamativo: “Orelhão causa briga no Rincão S. Francisco.” Moradores do bairro, que vivia a expansão por conta das obras da Itaipu Binacional, reclamavam do tratamento desigual: no Morumbi, um só orelhão, enquanto sobravam aparelhos na região central.

“Na cidade [área do centro] você encontra um orelhão em cada esquina. Aqui tem um só para todo esse pessoal”, reclamava o carpinteiro José Antonio de Jesus, nas páginas do Nosso Tempo. “Será que a Telepar não entende que o nosso dinheiro vale a mesma coisa que o do pessoal da cidade?”, completava a queixa do homem de 30 anos na época.

A situação complicava ainda mais em casos de urgência, narrou ao jornal Maria da Conceição Alves, moradora do bairro que usava o orelhão com frequência e chegou a presenciar brigas por causa da fila no único telefone público de então. Em um dos casos, uma mulher tinha de comunicar ao marido com urgência um acidente com o filho, mas amargou meia hora de espera.

“E não conseguiu telefonar”, contou. “Tá certo que tem muita menina que fica de 5 a 10 minutos namorando, mas elas estão pagando para telefonar e tem os mesmos direitos os outros”, emendou. “Bota aí no jornal que a Telepar não presta mesmo. Todo mundo sabe que pouco custaria instalar mais alguns aparelhos”, cobrou Maria.

História a um clique

O portal Nosso Tempo Digital reúne todo o acerto do jornal, projeto lançado para marcar o aniversário de 30 anos do periódico rebelde. O objetivo é preservar a memória da cidade, facilitar o acesso à história local e regional, e democratizar a consulta ao acervo midiático por meio da internet.

O acesso ao Nosso Tempo é gratuito. O acervo constitui fonte valiosa para o morador desejoso de vasculhar na história da cidade e de seus atores, contada nas 387 edições do jornal que foram digitalizadas, abrangendo de dezembro de 1980 a dezembro de 1989.

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