O jornalista, escritor e militante dos direitos humanos em Foz do Iguaçu Aluizio Palmar receberá da Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana) o título de Doutor Honoris Causa. A honraria será entregue, em evento aberto ao público, nesta sexta-feira, 26, às 16h, no auditório do campus Jardim Universitário (JU).
Conforme a universidade, a homenagem é uma forma de reparação histórica e de reconhecimento pela contribuição de Palmar na defesa da democracia e promoção dos direitos humanos. E por sua atuação na preservação da memória histórica e protagonismo político e social.
A instituição pública agrega que a chancela de Doutor Honoris Causa também ocorre pela “colaboração e o apoio que Aluizio vem dando à Unila, desde a sua implantação na cidade, compartilhando seu conhecimento com a comunidade acadêmica e sendo um grande defensor da educação pública”.
Ao estender o convite para a participação da comunidade, Aluizio Palmar estabelece ao evento a amplitude de um ato pela valorização e promoção das liberdades. “Pretendemos que essa homenagem seja mais um clamor em defesa da democracia e da soberania nacional”, pontua.
Democracia e direitos humanos
Há mais de cinquenta anos, sua trajetória acadêmica na Universidade Federal Fluminense (UFF) foi interrompida pelo arbítrio. Aluízio Palmar se engajou na resistência contra a ditadura civil-militar (1964–1985), integrando o Partido Comunista Brasileiro (PCB), o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
Foi preso político, torturado e banido do país ao ser trocado pelo embaixador da Suíça no Brasil, junto com outros 69 militantes. Chegou a Foz do Iguaçu em 1967, com “uma mala de couro imensa de grande”, resgata, e sonhos. Na cidade, foi um dos fundadores e editores do jornal Nosso Tempo, entre os principais periódicos do Paraná de oposição à ditadura e voz contra o regime dos interventores que se revezaram no poder na cidade, sem voto popular.
Mantém o portal Documentos Revelados, considerado um dos maiores arquivos sobre a ditadura. O acervo para pesquisa gratuita reúne mais de 80 mil arquivos, acompanhados da reprodução das peças documentais e imagens, bem como de textos explicativos que auxiliam a contextualização.
É autor do livro Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?. O tema dessa obra, a chacina dentro do Parque Nacional do Iguaçu de militantes e desaparecimento dos corpos, virou denúncia contra o Estado brasileiro, acolhida neste ano pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
É organizador da coletânea Vozes da Resistência, Memórias da Luta contra a Ditadura Militar no Paraná, que reúne 60 ativistas e suas reminiscências do período do regime fardado. É o personagem de O garimpeiro da memória: Aluizio Palmar e a sombra da ditadura, de Jacob Blanc, que acaba de ser lançado e está em circulação.
Aluizio Palmar recebeu, em 2021, a Medalha Chico Mendes, homenagem nacional a pessoas físicas e instituições por suas lutas na defesa dos direitos à vida e à liberdade. É reconhecido como cidadão honorário de Foz do Iguaçu, pelos serviços prestados à coletividade e ao município. Recentemente, foi homenageado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
