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Em Foz, Lula afirma que resistência da França não impedirá acordo entre Mercosul e UE

Na Cúpula do Mercosul, o presidente falou sobre ameaça à América Latina com intervenção militar na Venezuela e escalada dos feminicídios

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Em Foz, Lula afirma que resistência da França não impedirá acordo entre Mercosul e UE
Chefes de estado e líderes em frente às Cataratas do Iguaçu. Foto Ricardo Stuckert/PR
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Em pronunciamento na manhã deste sábado, 20, na abertura da 67.ª Cúpula do Mercosul e dos Estados Associados, em Foz do Iguaçu, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mostrou confiante na assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE) em janeiro de 2026.

Segundo o presidente, a resistência da França não será empecilho para a adesão dos demais países europeus ao acordo, conforme assegurou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa.

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A expectativa do governo brasileiro era de que o assunto fosse resolvido na Cúpula de Foz do Iguaçu, mas os europeus recuaram na última hora. Em carta endereçada a Lula, eles reiteraram o compromisso de assinar o acordo em janeiro. 

De acordo com o presidente brasileiro, o acordo não foi assinado porque a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, alegou que os agricultores do país estavam sendo prejudicados por uma distribuição desigual de verbas na própria União Europeia, impactando produtos agrícolas italianos.

“Eu tive uma conversa por telefone com ela, e ela disse que, no começo de janeiro, está pronta para assinar”, sinalizou Lula. O presidente ainda ressaltou que a data da Cúpula foi marcada para este dia 20 justamente porque Van der Leyen e Costa iriam participar.

O acordo entre o Mercosul e a UE envolve um mercado de 722 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 22 trilhões. Caso seja assinado, será um dos maiores tratados de livre comércio do planeta.

Participam da Cúpula do Mercosul os presidentes Santiago Peña, do Paraguai; Javier Milei, da Argentina; José Raúl Mulino, do Panamá; Yamandú Orsi, do Uruguai, além de chanceleres da Bolívia e do Chile. O encontro foi realizado no Hotel Belmond, e as autoridades se reuniram em frente às Cataratas do Iguaçu para uma foto oficial.

Ameaça na América Latina

Sem mencionar diretamente os Estados Unidos, Lula manifestou preocupação com as ameaças à América do Sul diante das intervenções militares. Para ele, os limites do Direito Internacional estão sendo testados.

De acordo com o presidente, passadas mais de quatro décadas da Guerra das Malvinas, o continente volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional.

“Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, declarou.

Outra preocupante realidade lembrada por Lula no pronunciamento foi em relação ao número de feminicídios no continente latino-americano. Ao citar dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), o presidente reforçou que a América Latina ostenta o posto de região mais letal do mundo para as mulheres. Onze latino-americanas são assassinadas diariamente, ressaltou.

Para tentar reverter esse quadro, o mandatário brasileiro disse ter enviado ao Congresso Nacional do Brasil um acordo para permitir que as mulheres beneficiadas por medidas protetivas em um país do bloco tenham a mesma proteção nos demais. 

Lula ainda informou que irá propor ao Paraguai, que assume a presidência pro tempore do bloco a partir de hoje, a criação de um pacto no Mercosul para o fim do feminicídio e violência contra mulheres. 

O presidente também voltou a mencionar a Ponte da Integração, inaugurada por ele na sexta-feira, 19, e a importância de construir pontes, não muros.

Ao fazer uma retrospectiva história de importantes datas, ele lembrou a inauguração da Ponte da Fraternidade, que liga Foz do Iguaçu a Puerto Iguazú, pelos presidentes Raúl Alfonsin, da Argentina, e José Sarney, do Brasil, em 1985.

A Cúpula do Mercosul encerra seis meses de participação do Brasil na presidência pro tempore do bloco. Criado em março de 1991, o Mercosul é formado pela Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai

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    Denise Paro

    Denise Paro é jornalista pela UEL e doutoranda em Integração Contemporânea na América Latina. Atua há mais de duas décadas nas Três Fronteiras e tem experiência em reportagens especias. E-mail: deniseparo@h2foz.com.br

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