O automóvel é, de longe, o protagonista no deslocamento diário para o trabalho em Foz do Iguaçu. Segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE, 49,1% da população ocupada na cidade utiliza carro para ir trabalhar. O índice revela uma dependência do transporte individual muito superior à realidade do restante do país: no Brasil, a média é de 31,7%, e no estado do Paraná, de 44,7%.
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Em números absolutos, de um total de 119.808 pessoas que se deslocam ao trabalho em Foz do Iguaçu, 58.849 utilizam o automóvel. Se somados os motoristas usuários de motos — modal escolhido por 14,5% dos trabalhadores (17.322 pessoas) —, o transporte individual motorizado é a realidade para 63,6% da força laboral da cidade.
A predominância desses meios de transporte tira espaço de modais mais sustentáveis ou coletivos, que apresentam índices abaixo da média brasileira:
• ônibus: utilizado por 16,4% (19.600 pessoas) em Foz. No Brasil, a média é de 20,9%;
• a pé: enquanto 17,4% dos brasileiros vão trabalhar caminhando, em Foz esse número cai para 11,1%;
• bicicleta: apenas 4,5% dos iguaçuenses pedalam para o trabalho, contra 6,1% da média nacional.
Além disso, o uso de vans ou peruas também é residual na fronteira, representando somente 0,4% dos deslocamentos, contra 1,3% na média brasileira.

Tempo é dinheiro: a desigualdade no deslocamento
Embora Foz do Iguaçu seja uma cidade de porte médio, onde a maioria das pessoas (78,9%) leva entre 6 e 30 minutos para chegar ao trabalho, o Censo 2022 revela que o tempo de deslocamento não é democrático.
O carro é um facilitador de tempo, mas seu benefício é desigual conforme a renda. Ao cruzar os dados de tempo com o rendimento domiciliar per capita, fica evidente que, quanto maior a renda, menos tempo se perde no trânsito.
Entre os trabalhadores da faixa de renda mais alta (acima de cinco salários mínimos), 88,3% conseguem chegar ao trabalho em menos de 30 minutos. Já entre os mais vulneráveis (renda de até um quarto de salário mínimo), esse índice cai para 71%.
Por fim, o abismo aumenta quando se analisa quem enfrenta jornadas exaustivas. Entre os mais pobres, 8,7% levam mais de uma hora para chegar ao serviço. Entre os mais ricos, só 2,4% enfrentam essa demora.


Atualmente, apenas 4,5% dos iguaçuenses usam a bicicleta para trabalhar. Enquanto isso, 8,7% dos trabalhadores de baixa renda enfrentam trajetos exaustivos de mais de 60 minutos. Para aumentar o uso de bicicletas e de ônibus, bastaria a prefeitura criar uma integração intermodal, com a simples criação de bicicletários nos terminais de ônibus e firmar convênios com empresas que alugam bicicletas, ideal para cidades turísticas e mais ainda fronteiriça como Foz do Iguaçu. Apesar de um trecho interrompido por obras, a cidade tem boas ciclovias.