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Saúde

ChatGPT no divã: pode a inteligência artificial substituir a terapia?

O avanço da inteligência artificial chegou também ao campo da psicoterapia.

3 min de leitura
ChatGPT no divã: pode a inteligência artificial substituir a terapia?
A popularização do ChatGPT reacende uma discussão antiga: até que ponto a tecnologia pode entrar em espaços tão subjetivos como os da mente humana?

Nos últimos meses, o avanço da inteligência artificial tem ocupado espaço não apenas em áreas técnicas, mas também em campos tradicionalmente humanos, como a psicoterapia. Reportagem do The Guardian chamou atenção para uma tendência crescente: pessoas que, diante da facilidade e do imediatismo, recorrem ao ChatGPT em vez de buscar acompanhamento profissional.

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A tecnologia, sem dúvida, pode oferecer insights, organizar pensamentos e até gerar uma sensação de acolhimento inicial. Contudo, especialistas apontam para os riscos dessa substituição. Pesquisas recentes em psicologia e ciências sociais indicam que o uso excessivo da IA em contextos de saúde mental pode levar a respostas superficiais, associações equivocadas e até ao reforço de padrões de pensamento prejudiciais.

Assista o novo episódio:

O psicólogo Marcos Gonzalez destaca a diferença fundamental entre a escuta clínica e a interação com uma máquina:

“Quando a gente fala em psicoterapia, muita gente acha que é o psicólogo falando aquilo que você precisa ouvir. Mas tem uma coisa que a internet, o ChatGPT e a tecnologia em geral não faz, que é observar o silêncio, o gesto, a expressão facial. Tudo isso faz parte do sujeito, faz parte de quem é aquele paciente.”

Para o psicólogo Marcos Gonzalez, a tecnologia jamais poderá substituir o senso de observação que é exigido durante as sessões de psicoterapia. 

A observação não verbal — pausas, tom de voz, expressões e movimentos sutis — é considerada pela psicologia como parte essencial do processo terapêutico, algo que algoritmos ainda não conseguem captar.

Já o professor universitário Helmar Andrade lembra que as conexões feitas pela inteligência artificial podem soar convincentes, mas nem sempre são seguras:

“Às vezes, o ChatGPT faz associações que parecem fazer sentido, mas, na verdade, podem ser confusas e pouco saudáveis para a pessoa.”

O professor Helmar Andrade analisa os prós e contras do uso de IA para o autoconhecimento. 

Essas críticas não significam rejeição total ao uso da IA. Muitos profissionais reconhecem que ferramentas como o ChatGPT podem ser complementares, oferecendo informações, referências e até suporte imediato em momentos de ansiedade. O alerta é para que não se confunda esse recurso com o processo terapêutico estruturado, que envolve vínculo, método e responsabilidade ética.

A popularização do ChatGPT reacende uma discussão antiga: até que ponto a tecnologia pode entrar em espaços tão subjetivos como os da mente humana? Se, por um lado, o acesso rápido a “respostas” parece atrativo, por outro especialistas lembram que não existe atalho quando o assunto é autoconhecimento e saúde emocional.

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    Isabela Collares

    Isabela Collares é jornalista em Foz do Iguaçu e apresentadora do quadro "Quem foi que te disse?".

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