Você já parou para pensar que o que está no seu prato pode impactar diretamente suas emoções, seu foco e até sua disposição para encarar os desafios do dia a dia? A relação entre alimentação e saúde mental tem ganhado destaque em estudos científicos e, cada vez mais, na prática clínica. No centro dessa conexão está o intestino, considerado por muitos especialistas como o nosso “segundo cérebro”.
Episódio 2 do “Quem Foi Que Te Disse?” discute os impactos da escolha profissional na saúde mental
Corpo em movimento, mente em equilíbrio
A nutricionista Daniela Arguire, especialista em nutrição funcional e a nossa entrevistada especial do Quem foi que te disse?, explica que a comunicação entre o cérebro e o sistema digestivo é uma via de mão dupla — e começa antes mesmo da primeira garfada.
Assista o novo episódio:
“Quando sentimos o cheiro do alimento que vamos comer, nosso cérebro já começa a trabalhar, enviando sinais para o estômago se preparar para o processo digestivo. Nosso intestino, por sua vez, possui uma série de terminações nervosas que estão em direta conexão com o cérebro. Então, para resumir, tudo aquilo que damos para o nosso organismo está influenciando totalmente o mecanismo do nosso cérebro”, afirma.
Essa complexa rede de comunicação entre cérebro e intestino é mediada pelo chamado eixo intestino-cérebro, responsável por regular funções como humor, estresse, memória e até o sono. Mais de 90% da serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, é produzida no intestino. Isso significa que desequilíbrios na microbiota intestinal — conjunto de bactérias benéficas que vivem no trato digestivo — podem impactar diretamente a saúde mental.

Além do aspecto fisiológico, Daniela defende uma mudança cultural urgente: “Eu acho que a nutrição deveria ser ensinada desde a escola, como forma de compreender melhor qual o papel do nutriente na nossa saúde, no nosso bem-estar, na geração de doenças ou na cura delas.”
Alimentos ultraprocessados — ricos em açúcar, gorduras trans e aditivos químicos — podem comprometer o funcionamento do intestino e, por consequência, afetar o equilíbrio emocional. Por outro lado, uma alimentação baseada em vegetais, grãos integrais, frutas, oleaginosas e alimentos fermentados pode favorecer tanto o corpo quanto a mente.
Cada vez mais, profissionais da saúde vêm atuando de forma integrada, reconhecendo que transtornos como ansiedade, depressão e síndrome do pânico não devem ser tratados apenas com medicamentos — mas também com hábitos alimentares conscientes e um olhar atento para a base biológica da saúde mental.

No fim das contas, cuidar da alimentação é também uma forma de cuidar das emoções. Como reforça Daniela Arguire, “o que você come pode não apenas influenciar seu corpo, mas transformar completamente o modo como você pensa e sente”.