Doença rara, o melanoma uveal atinge cerca de 500 pessoas no Brasil ao ano. Conhecido por câncer ocular, é menos comum que o melanoma cutâneo, porém em caso de metástase pode evoluir rápido.
Com a finalidade de prevenir a doença, que pode ser diagnosticada com um exame clínico feito por oftalmologista, foi lançado, na terça-feira, 7, em Foz do Iguaçu, o curta-metragem Quando seus olhos encontram os meus, no Cine Cataratas.
Veja o filme: Quando seus olhos encontram os meus
O filme, que teve pré-estreia em São Paulo no mês passado, está disponível em canais no YouTube do Instituto Melanoma Brasil, com sede em Foz do Iguaçu, e do Instituto Renascimento, parceiros na produção, junto com a Medison Pharma Brasil.
Com 18 minutos de duração, o curta é inspirado na história de Fabiano, um pai viúvo que descobre um câncer ocular a partir de um simples exame de vista.
Com o diagnóstico, a rotina com sua filha adolescente que estuda para ingressar na faculdade de Medicina se transforma.

Exame de fundo de olho
Após o lançamento do curta, ocorreu um debate para esclarecer sobre a doença, mediado pela presidente do Instituto Melanoma Brasil, Rebeca Montanheiro.
O diálogo contou com a participação de Kely Nascimento, atriz e fundadora do Instituto Renascimento; Rogério Acquaroli, diretor-médico da Medison Pharma Brasil; e Rodrigo Munhoz, médico oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês e integrante do Conselho Consultivo do Melanoma Brasil.
Rodrigo Munhoz esclareceu que os riscos do melanoma uveal e cutâneo são diferentes. No melanoma cutâneo, quem tem pele e os olhos claros apresenta mais predisposição para a doença.

No entanto, o principal fator adquirido é a exposição solar, principalmente na forma de queimadura na infância, adolescência e início da idade adulta.
Já no melanoma uveal, a exposição solar não tem papel significativo, ao contrário de algumas atividades, a exemplo de soldador, cujo risco é maior. “Na maioria das vezes, é um tumor que nasce esporadicamente sem nenhum fator que se conseguia controlar”, explica.
Segundo Munhoz, o melanoma uveal é um dos pouquíssimos tumores que não precisam de biópsia para ter-se um diagnóstico. A doença pode ser descoberta por meio do exame de fundo de olho, uma avaliação clínica indolor, disponível na rede pública.
O médico reforça a importância da avaliação oftalmológica de rotina e os benefícios que o procedimento traz.
Sintonas do melanoma uveal
Quanto aos sintomas da doença, é importante investigar manchas na visão, alteração da clareza e da nitidez da visão, perda do campo visual e aparecimento de manchinhas que vão e voltam.
O médico Rogério Acquaroli destacou a importância da informação para prevenir o melanoma uveal. “Quanto mais informações as pessoas tiverem e mais elas pensarem na situação, mais precocemente podem procurar o médico, e melhor pode ser o prognóstico.”
Com base em dados da Medison Pharma Brasil, ele diz que a prevalência da doença é um pouco maior em homens, e a faixa etária mais atingida é entre 55 e 60 anos, apesar de haver casos em pacientes mais jovens, a partir dos 40.
O médico ainda esclarece que pacientes com doença metastática acabam falecendo no primeiro ano em 90% dos casos, por isso é essencial o diagnóstico e acompanhamento de perto. Em menos de 10% dos casos, os pacientes apresentam metástase.
A produtora do filme, Kely Nascimento, já fez várias produções, mas é a primeira sobre câncer. Durante o trabalho, ela ouviu pacientes e se sensibilizou. “Uma das coisas que ouvi muito foi a questão emocional. Muitos receberam a notícia e não tinham acompanhante no consultório.”
Para ela, o acolhimento, a rede de apoio e as instituições são importantes aos pacientes. “Eles disseram: ‘Às vezes, a gente quer ser olhado como uma pessoa e não como um câncer’.”
Para Rebecca Montanheiro, a visão mais bonita é aquela que enxerga o valor da vida. “Que possamos sair daqui hoje mais atentos, mais conscientes e mais inspirados para cuidar de nós mesmos e do próximo.”