A morte é um dos poucos fenômenos que nos igualam a todos. Ainda assim, quando o tema surge à mesa, o silêncio costuma ser imediato. Entre crenças religiosas, costumes familiares e um certo receio de encarar o inevitável, aprendemos a tratar a morte como um tabu. Mas será que o silêncio protege ou apenas amplia o medo?
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Em muitas culturas, a morte é envolta em rituais que buscam dar sentido ao fim da vida. No entanto, no cotidiano, falar sobre ela ainda é visto como algo pesado, até mesmo inadequado. A morte, quando não é escondida, é suavizada por eufemismos: “Foi descansar”, “partiu”, “virou uma estrela”. Esse distanciamento linguístico denuncia uma dificuldade coletiva em olhar de frente para aquilo que, cedo ou tarde, todos enfrentaremos.
Assista o novo episódio:
O medo da morte — chamado de tanatofobia — é estudado por pesquisadores e especialistas que buscam compreender por que esse sentimento se manifesta de forma tão intensa em algumas pessoas. O escritor e pesquisador de tanatofobia Wanderley Carvalho explica: “Se não conseguirmos incorporar o fenômeno da morte naquilo que consideramos natural em nossa vida, isso se torna um problema. Agora, problema tem solução. E, normalmente, a solução dos problemas é justamente encará-los de frente, por meio da reflexão — e não tapar, não varrer a sujeira para debaixo do tapete.”

O modo como falamos (ou não falamos) sobre o tema influencia diretamente nossa saúde mental e até a forma como lidamos com as perdas inevitáveis. Para muitas pessoas, o receio está justamente no momento da morte, cercado por imagens de dor e sofrimento.
“É o medo em si de morrer. Eu tinha esse medo, porque achava que era uma dor muito forte.”
— Aparecida Oliveira, aposentada

Ao romper o silêncio e admitir a finitude, abre-se espaço para reflexões mais profundas: o que realmente tem valor na vida? Quais vínculos desejamos cultivar? Que legado queremos deixar? Falar sobre morte, em última instância, é também falar sobre a vida — sobre escolhas, prioridades e afetos.
No Brasil, ainda caminhamos para superar a inibição cultural diante do tema. Mas experiências de diálogo, pesquisas e relatos de quem se dedica a compreender esse fenômeno mostram que enfrentar o tabu pode ser libertador.
E você, já parou para pensar como fala — ou se cala — sobre a morte?


