Rádio Clube
H2FOZ
Início » Saúde » Não podemos falar sobre morte. Será?

Saúde

Não podemos falar sobre morte. Será?

Entre crenças religiosas, costumes familiares e um certo receio de encarar o inevitável, aprendemos a tratar a morte como um tabu.

3 min de leitura
Não podemos falar sobre morte. Será?
Foto: Divulgação.

A morte é um dos poucos fenômenos que nos igualam a todos. Ainda assim, quando o tema surge à mesa, o silêncio costuma ser imediato. Entre crenças religiosas, costumes familiares e um certo receio de encarar o inevitável, aprendemos a tratar a morte como um tabu. Mas será que o silêncio protege ou apenas amplia o medo?

Leia também:
“Quem Foi Que Te Disse?” estreia desmistificando a ideia de que autoconhecimento é coisa para “gente mais velha

Episódio 2 do “Quem Foi Que Te Disse?” discute os impactos da escolha profissional na saúde mental

Corpo em movimento, mente em equilíbrio

Corpo nutrido, mente em equilíbrio: o papel do intestino na saúde mental

Quem foi que te disse que pet é só companhia?

“Quem foi que te disse” que ciência e afeto andam em lados opostos?

Na ponta da agulha: episódio do “Quem foi que te disse” levanta debate sobre as conexões da saúde dos órgãos e a saúde mental

ChatGPT no divã: pode a inteligência artificial substituir a terapia?

Em muitas culturas, a morte é envolta em rituais que buscam dar sentido ao fim da vida. No entanto, no cotidiano, falar sobre ela ainda é visto como algo pesado, até mesmo inadequado. A morte, quando não é escondida, é suavizada por eufemismos: “Foi descansar”, “partiu”, “virou uma estrela”. Esse distanciamento linguístico denuncia uma dificuldade coletiva em olhar de frente para aquilo que, cedo ou tarde, todos enfrentaremos.

Assista o novo episódio:

O medo da morte — chamado de tanatofobia — é estudado por pesquisadores e especialistas que buscam compreender por que esse sentimento se manifesta de forma tão intensa em algumas pessoas. O escritor e pesquisador de tanatofobia Wanderley Carvalho explica: “Se não conseguirmos incorporar o fenômeno da morte naquilo que consideramos natural em nossa vida, isso se torna um problema. Agora, problema tem solução. E, normalmente, a solução dos problemas é justamente encará-los de frente, por meio da reflexão — e não tapar, não varrer a sujeira para debaixo do tapete.”

Para o pesquisador Wanderley Carvalho, encarar o tema da morte é a melhor forma de incorporar o fenômeno de forma natural. 

O modo como falamos (ou não falamos) sobre o tema influencia diretamente nossa saúde mental e até a forma como lidamos com as perdas inevitáveis. Para muitas pessoas, o receio está justamente no momento da morte, cercado por imagens de dor e sofrimento.

“É o medo em si de morrer. Eu tinha esse medo, porque achava que era uma dor muito forte.”

— Aparecida Oliveira, aposentada

A aposentada Aparecida Oliveira na companhia do pesquisador/escritor sobre tanatofobia, Wanderley Carvalho

Ao romper o silêncio e admitir a finitude, abre-se espaço para reflexões mais profundas: o que realmente tem valor na vida? Quais vínculos desejamos cultivar? Que legado queremos deixar? Falar sobre morte, em última instância, é também falar sobre a vida — sobre escolhas, prioridades e afetos.

No Brasil, ainda caminhamos para superar a inibição cultural diante do tema. Mas experiências de diálogo, pesquisas e relatos de quem se dedica a compreender esse fenômeno mostram que enfrentar o tabu pode ser libertador.

E você, já parou para pensar como fala — ou se cala — sobre a morte?

Newsletter

Cadastre-se na nossa newsletter e fique por dentro do que realmente importa.


    Você lê o H2 diariamente?
    Assine no portal e ajude a fortalecer o jornalismo.

    Isabela Collares

    Isabela Collares é jornalista em Foz do Iguaçu e apresentadora do quadro "Quem foi que te disse?".