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Saúde

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Pesquisa da Unila mostra resultados positivos no uso de cannabis para tratar autismo

Estudo revela que planta pode ser uma importante aliada na melhoria do sono e em casos de restrição alimentar, entre outros aspectos.

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Conduzidas pelo Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP), as pesquisas mostram resultados positivos no tratamento feito com cannabis medicinal em um grupo de autistas acima de 18 anos. Foto: Marcos Labanca

Estudos feitos na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) colocam Foz do Iguaçu como referência nacional na pesquisa do uso de cannabis medicinal para o tratamento do transtorno de espectro autista (TEA).

Conduzidas pelo Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP), as pesquisas mostram resultados positivos no tratamento feito com cannabis medicinal em um grupo de autistas acima de 18 anos, diz a professora visitante da Unila e pesquisadora do LCP Micheline Donato.

“Encontramos alterações significativas na melhora do sono, dos quadros de ansiedade e de socialização e da restrição alimentar”, relata.

Segundo a cientista, de um modo geral, a pesquisa evidencia benefícios na qualidade de vida dos adultos. Ela considera a planta uma grande ferramenta tecnológica medicinal do século 21. 

A professora falou sobre o assunto na última edição do Pint of Science, evento de divulgação científica realizado em Foz do Iguaçu entre os dias 19 e 22 de maio.

Na palestra intitulada “Viagem multissensorial: conectando cannabis, autismo e o pálido ponto azul”, Micheline contextualizou o autismo e mostrou como a erva pode ser uma aliada para quem é portador do transtorno.

Assista ao vídeo:

Conforme a pesquisadora, o autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento. A pessoa nasce autista e passa a vida inteira nessa condição.

O TEA é provocado por causas genéticas que resultam na modificação da arquitetura cerebral, levando a pessoa a ter comportamentos diferentes.

Pelo menos dois terços de crianças com 8 anos nos Estados Unidos são diagnosticadas com o transtorno. A proporção é de um indivíduo para cada 36 pessoas.

Os principais sintomas são:

  • déficit persistente na comunicação social e interação (às vezes, o autista é completamente literal);
  • alterações comportamentais;
  • padrões restritos e repetitivos;
  • hiperfoco em determinado assunto.

Os diagnósticos começam a ser feitos a partir de 1 ano e 4 meses de idade, e há casos que vão dos mais leves aos severos.

A professora falou sobre o assunto na última edição do Pint of Science. Foto: Marcos Labanca

Um dos perfis que chamam atenção é relativo aos casos mais leves, denominados suporte 1. Essa pessoa, de acordo com a professora, geralmente é invisibilizada por ter diagnósticos nunca resolvidos.

“É aquela depressão que nunca melhora, aquele surto psicótico que sempre vem e pensamentos ruminantes que sempre acontecem o questionamento eterno de que será que eu faço nesse planeta”, exemplifica Micheline.

Os tratamentos convencionais são à base de antipsicóticos, ansiolíticos e antidepressivos, que não resolvem o problema, enfatiza a pesquisadora.

Planta medicinal milenar

A cannabis é uma planta milenar que já teve uso medicinal no passado. De nome científico Cannabis sativa, tem capacidade para produzir mais de cem canabioides.

Um deles, o THC (tetra-hidrocanabinol), tem diversas aplicações e pode ser usado como analgésico, não narcótico, antiemético (diminui náuseas e vômitos na quimioterapia) e relaxante muscular.

Porém, em altas concentrações, pode induzir à psicose, conforme a predisposição genética de cada pessoa. 

Outro canabioide, o CBD (canabidiol), age como ansiolítico, antipsicótico, antiepilético e neuroprotetor.

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Denise Paro

Denise Paro é jornalista pela UEL e doutoranda em Integração Contemporânea na América Latina. Atua há mais de duas décadas nas Três Fronteiras e tem experiência em reportagens especias. E-mail: deniseparo@h2foz.com.br

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