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Plantas medicinais complementam práticas de saúde em UBSs do Paraná

Neste ano, 75 UBSs, de 49 municípios do estado, já ofertaram atendimentos com plantas medicinais; prática foi tema de roda de conversa na Unila.

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Plantas medicinais complementam práticas de saúde em UBSs do Paraná
Plantas medicinais é uma aliada da saúde preventiva. Foto: Marcos Labanca
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O uso de plantas medicinais como prática complementar de saúde avança no Paraná. Dados preliminares da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indica que neste ano 75 unidades básicas de saúde (UBSs), de 49 municípios do estado, já adotaram o tratamento.

Foram registrados 2.832 atendimentos, dos quais 154 individuais, nove procedimentos e 114 atividades coletivas. O trabalho é baseado nas chamadas práticas integrativas e complementares em saúde (PICS).

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Em 2024, houve 7.620 atendimentos, sendo 2.068 individuais, 24 procedimentos e 287 atividades coletivas realizadas em 147 UBSs.

A fim de qualificar o conhecimento científico relacionado ao uso das plantas medicinais, a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) realizou, no dia 2 de julho, o Curso de Extensão em Práticas Integrativas e Complementares (PIC), em parceria com o Movimento Sem Terra (MST).

Integrante do movimento, Maria Isabel diz que os assentamentos e acampamentos têm hortos para produção das plantas medicinais. Com o curso, a ideia é aliar os saberes ancestrais com os estudos científicos relativos às plantas, trabalhando o uso correto.

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O tratamento já tem impacto na redução do fluxo dos assentados e acampados nas UBSs.

Maria Isabel ressalta que, apesar de as ervas medicinais estarem sendo adotadas, o tratamento médico convencional não é eliminado em assentamentos e acampamentos do movimento.

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No dia a dia, é comum o uso de hortelã, alecrim, arruda, alcachofra, picão, pata-de-vaca, espinheira-santa, abacateiro, entre outras plantas.

A prática passa de geração em geração e era adotada por muitos pais e avós de assentados.

Com o tempo, a utilização das plantas foi perdendo-se, mas agora a ideia é resgatar tais saberes ancestrais, incluindo até mesmo o das benzedeiras e parteiras, afirma outra integrante do grupo, Sirlei Moraes.

Na Lapa, em um acampamento do MST, já há uma UBS que trabalha com PIC.

Roda de conversa na Unila

Os alunos do Curso de Extensão em Práticas Integrativas e Complementares (PIC) participaram de uma roda de conversa sobre “Troca de saberes em saúde popular”, realizada na Feira Agroecológica e Cultura da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

Antropóloga e professora do curso de Desenvolvimento Rural, Patrícia Pinheiro relata que a ideia foi trazer para a Unila espaços de diálogo com mulheres que têm contato com a terra.

“Trazer para dentro da universidade esse grupo é uma experiência singular para todo mundo.” Segundo ela, a iniciativa é mais uma etapa na construção do conhecimento coletivo.

Roda de conversa Unila
Ideia da roda de conversa foi trazer para a Unila espaços de diálogo com mulheres que tem contato com a terra, diz professora. Foto: Marcos Labanca

Em Foz do Iguaçu, a Unila desenvolve o projeto “Raízes da Saúde – que promove educação em saúde sobre plantas medicinais para hipertensos e diabéticos”. O projeto é realizado com grupos de educação em saúde nas UBSs.

O projeto fornece informações por meio de materiais educativos (folder, panfleto e vídeos) com orientações sobre o uso correto das plantas, as contraindicações e efeitos tóxicos.

Entenda as PICs

As PICs são tratamentos que utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais e naturais para estimular a capacidade de autocura do organismo.

A prática contribui significativamente para a humanização e a resolutividade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a Sesa.

As plantas são usadas para saúde e prevenção e complementam tratamentos convencionais. No Paraná, a prática tem respaldo legal a partir da Lei n.º 19.785, de 20 de dezembro de 2018.

A legislação reconhece 29 práticas integrativas e complementares em saúde no SUS, entre elas plantas medicinais e fitoterapia.

Com eficácia já demonstrada, o tratamento está expandindo-se no serviço público de saúde. No Paraná, há inclusive UBS com atendimento fitoterápico em assentamentos e áreas indígenas.

Segundo a Sesa, o uso racional e consciente de plantas medicinais e fitoterápicos como complemento aos tratamentos alopáticos pode, em médio e longo prazo, contribuir significativamente para a redução da demanda por atendimentos no SUS.

O tratamento é relevante para moléstias consideradas leves e recorrentes, tais como insônia, ansiedade, dores crônicas, distúrbios digestivos e respiratórios.

O próprio Ministério da Saúde, informa a Sesa, tem publicado informes técnicos com evidências científicas sobre a eficácia de diferentes terapias integrativas para problemas específicos de saúde, orientando sua aplicação de forma segura e eficiente.

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Denise Paro

Denise Paro é jornalista pela UEL e doutoranda em Integração Contemporânea na América Latina. Atua há mais de duas décadas nas Três Fronteiras e tem experiência em reportagens especias. E-mail: deniseparo@h2foz.com.br

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