Para mostrar que essa divisão pode ser ilusória, conversamos com Yara Barros, bióloga e coordenadora-executiva do Projeto Onças do Iguaçu, referência internacional na conservação da onça-pintada e vencedora, neste ano, do Whitley Award for Nature — prêmio conhecido como o “Oscar Verde” da conservação ambiental, entregue em Londres a iniciativas de impacto global.
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Sob sua liderança, a população estimada de onças no Parque Nacional do Iguaçu saltou de 11 para 25 indivíduos, e no corredor transfronteiriço Brasil–Argentina, de 40 para 93, em pouco mais de uma década.
Assista o novo episódio:
Ao falar sobre os bastidores desse trabalho, Yara deixa claro que o sucesso da equipe não se deve apenas à precisão científica, mas à forma como ela é comunicada. “A nossa comunicação aqui no projeto é toda baseada em afeto, inclusive quando falamos sobre a conservação. Os dados científicos são importantes, mas o que mobiliza e o que faz as pessoas realmente mudarem o comportamento é o sentimento que elas têm em relação ao que elas querem conservar.”
Essa abordagem, segundo ela, cria pontes com comunidades, escolas e visitantes do parque, tornando a conservação algo que toca a vida das pessoas de maneira concreta. Para Yara, não existe contradição entre rigor científico e vínculo afetivo — pelo contrário, um potencializa o outro. “Afeto é uma ferramenta de conservação importantíssima e de maneira alguma ele está dissociado da ciência”, reforça.
E assim, o que poderia ser somente um trabalho técnico se transforma em um movimento coletivo de cuidado e pertencimento, mostrando que, no coração da Mata Atlântica, ciência e afeto não apenas caminham juntos, eles se fortalecem mutuamente.