Aida Franco de Lima – OPINIÃO
A COP30, realizada em Belém (PA), está em sua reta final, e a expectativa é a de que os países participantes assinem um documento comprometendo-se a diminuir a emissão de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas e financiamento para a transição energética e uso de tecnologias com índices de baixo carbono.
O mundo está ficando cada vez mais quente, e é preciso baixar essa temperatura enquanto há tempo, a fim de que não chegue ao chamado ponto do não retorno. Igual quando você está prestes a perder sua carteira de motorista e resolve mudar sua conduta na direção. Se não mudar, perde sua carteira, mas também sua vida. No caso, é a vida de todo o planeta em ameaça completa.
Outro ponto essencial é o chamado mapa do caminho, uma espécie de roteiro político que define etapas, prazos, metas e finalidades para que os países façam a transição da matrizes energéticas, hoje centradas em petróleo, carvão e gás. Esse tema foi uma espécie de pauta extra de origem brasileira e está unindo países que querem que os demais, aqueles que praticamente comeram o bolo de uma vez só, coloquem a mão no bolso para assegurar que todos os outros tenham direito a fatias também. Mais de 80 países apoiam a iniciativa. Mas há quase outra centena contrários, justamente porque suas economias se baseiam nas fontes energéticas mais poluentes.
Enquanto as discussões avançam, os acontecimentos de bastidores ganharam destaque na mídia. No dia 11 de novembro, povos indígenas e movimentos sociais fizeram manifestação, houve um vuco-vuco na área de acesso à chamada Zona Azul, que é uma área toda administrada pela ONU e palco das reuniões dos líderes mundiais. Na sequência, teve carta-manifesto da ONU exigindo segurança.
Nas edições anteriores, COP29 e COP28, a ONU não enfrentou esse problema, visto que os eventos ocorreram em países nos quais a democracia é algo inexistente; países que proíbem a liberdade de expressão, como Azerbaijão e Emirados Árabes, respectivamente.
Também houve manifesto porque ocorreu problema em ar-condicionado, que não aguentou o tranco. Banheiro sem água para dar descarga ou lavar as mãos. A situação piorou porque muitos gringos têm o hábito de jogar o papel higiênico diretamente no vaso. Ou seja, só piora.
teve, ainda, o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, cuspiu no prato em que comeu. Ao retornar de Belém, espalhou para os quatro cantos do mundo que ele e sua comitiva estavam aliviados em voltar para casa. Bom, se alguém não fica contente em voltar para casa, já é de estranhar. Mas o fato é que a fala soou mais como um ato de xenofobia e racismo.
Esses bastidores mostram o quanto foi assertivo levar a COP30 para Belém. Mostrar a realidade de um povo que mora em uma área tão importante para o planeta, porém não têm as regalias conquistadas pelos países, aqueles que comeram o bolo sozinhos e agora precisam dos países em desenvolvimento para a festa não acabar.
A realidade de quem até pouco tempo não tinha, ou mesmo ainda nem tem, acesso à energia elétrica ou mesmo sonha com um barco a motor em substituição à força braçal é bastante distante da vivida pelos que saíram dos grandes centros urbanos para participar da COP. E nem todos estão preparados para essa conversa.
Trouxemos aqui o modo como os preços abusivos de locações de imóveis geraram críticas e ameaça de boicote dos participantes. Houve até a pressão para que a sede fosse para outro local mais habituado a sediar grandes eventos. Mas certamente só mesmo os amazônidas são capazes de mostrar o quanto foi importante sediarem tal evento. Finalmente, o mundo pode olhar de perto aquilo que só conhecem de longe.
A grandiosidade da floresta em pé não cabe em um post no Instagram. O mapa do caminho precisa ser trilhado por todos. Mas principalmente pelos países que hoje são tidos como desenvolvidos. Quem comeu o bolo sem dividir com os demais que assuma sua responsabilidade. Gula é pecado! E destruir o meio ambiente também.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.
Quer divulgar a sua opinião. Envie o seu artigo para o e-mail portal@h2foz.com.br

