Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Se você já teve curiosidade em ler as letras miúdas de produtos diversos, principalmente cosméticos, deve ter observado a frase que diz que foi dermatologicamente testado. Mas testado de que modo? Dos modos mais cruéis, em animais.
Para saber se um xampu vai ser livre de choro de bebês, primeiramente podem ter sido pingadas gotas da fórmula diretamente nos olhos de coelhos. Se correu, se cegou, o produto volta para as pesquisas, até que a fórmula mais recente não promova qualquer dano nos olhinhos dos lindos coelhinhos.
Entretanto, se depender de uma nova lei, pois leis temos aos montes, porém falta que sejam cumpridas, testes similares estão proibidos no Brasil. Trata-se de um ato normativo publicado nesta quinta, 31, no Diário Oficial da União, cujo projeto foi aprovado pela Câmara em meados deste mês. Mas vale lembrar que essa luta não é de agora. A proposta se arrasta desde 2013.
A partir da publicação da lei, as autoridades sanitárias terão um prazo de dois anos para implementar medidas que, entre outros pontos, assegurem o reconhecimento dos métodos alternativos e adotem um plano estratégico para garantir a disseminação desses métodos no território nacional, além de estabelecerem formas de fiscalização do uso de informações oriundas de testes.
Esse é um passo significativo em torno da pauta dos direitos dos animais, mas que precisa avançar, mais e mais.
Exceções
A venda de produtos cosméticos desenvolvidos com experimento em animais só será permitida:
• Se os testes tiverem ocorrido antes da lei;
• Se os testes forem realizados para obedecer às normas da Anvisa no âmbito não cosmético. Assim, se um determinado ingrediente for testado em animais para verificar a segurança de um remédio, os mesmos dados poderão ser usados para registrar uma maquiagem que utilize esse ingrediente. Para isso, a empresa deverá comprovar a adequação por meio de documentos e não poderá usar selos como “livre de crueldade”;
• Se surgirem graves preocupações sobre o impacto do cosmético na saúde humana e os ingredientes suspeitos não puderem ser substituídos, nem exista método alternativo de testagem. Nesse caso, o teste deverá ser previamente aprovado pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. (Fonte: Agência Senado)
A indústria de modo geral é especialista em não deixar o consumidor conectar o produto que consome com algum vínculo animal, do contrário pode haver alguma recusa. Contudo, passou da hora de a beleza a custo da crueldade animal virar pauta na mídia e quem sabe viralizar. Talvez muita gente, ao ficar diante de um espelho, não consiga ver quantas vidas foram torturadas em troca de uma maquiagem.
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