Aida Franco de Lima – OPINIÃO
Outubro trouxe a despedida a Jane Goodall, 91 anos, pesquisadora que trouxe um novo olhar sobre os chimpanzés. Com suas observações, aprendemos que os chimpanzés usam instrumentos para ajudar na sua sobrevivência, em busca de alimentos. Não só usam instrumentos já existentes, como pedras e paus, mas também os adaptam. Até então, esse atributo era designado somente à espécie humana. Seus estudos mostraram inúmeras semelhanças entre os humanos e chimpanzés, que até então eram ignoradas. Como a construção de laços sociais e demonstração de emoções.
Foz do Iguaçu foi agraciada com sua presença, durante evento realizado em agosto de 2024. “A organização da viagem à fronteira esteve a cargo do Instituto Jane Goodall Argentina, criado para defender causas ambientais e repercutir as bandeiras levantadas pela pesquisadora em seu ativismo em prol da preservação dos ecossistemas”, noticiou o H2FOZ.
- Sua página oficial ressaltou: “A Dra. Jane Goodall, fundadora do Instituto Jane Goodall e Mensageira da Paz da ONU, foi um exemplo notável de coragem e convicção, trabalhando incansavelmente ao longo de sua vida para conscientizar sobre as ameaças à vida selvagem, promover a conservação e inspirar uma relação mais harmoniosa e sustentável entre pessoas, animais e o mundo natural. Ela faleceu durante o sono.”
A escolha de sua carreira aconteceu desde quando se entendeu por gente, com seu extremo interesse pela natureza, pela vida selvagem. Quando criança, lia com voracidade sobre o mundo natural. Sonhava em viajar para a África, aprender e escrever livros sobre os animais. E para isso trabalhou como garçonete, para juntar dinheiro e custear uma passagem marítima para o Quênia. Foi aconselhada a tentar conhecer o respeitado paleontólogo Dr. Louis Leakey. Ela foi contratada como secretária no Museu Nacional de Nairóbi, e isso lhe deu a oportunidade de passar um tempo com Louis e Mary Leakey, no Desfiladeiro de Olduvai, em busca de fósseis. Esse foi seu passaporte para estudar o fantástico universo dos chimpanzés, na Tanzânia, para o qual dedicou sua vida.
Apesar de suas observações inéditas, sua dedicação e autodidatismo, seu tutor sabia que ela precisaria de um título acadêmico para que seu trabalho fosse reconhecido. Assim, ele abriu caminho para que ela cursasse doutorado em Etologia no Newnham College, em Cambridge. “O Comportamento dos Chimpanzés de Vida Livre na Reserva do Riacho Gombe” foi o título de sua tese, quando defendeu o doutorado em 1965.
Jane deixou um legado marcante e reconhecido. Além do Instituto Jane Goodall (JGI), criado em 1977, inicialmente para apoiar a pesquisa em Gombe, hoje o JGI conta com 25 escritórios que operam diversos programas em todo o mundo. Ela plantou, cultivou e colheu frutos da semente da preservação ambiental junto aos jovens aos cientistas mais renomados.
Dizia que “cada um de nós faz a diferença todos os dias — cabe a nós decidirmos que tipo de diferença fazemos”. O dito clássico do ambientalismo, pensar globalmente e agir localmente, é o real exemplo que Jane deixou. Mas ela foi além, pois pensou e agiu globalmente.
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