Rádio Clube
H2FOZ
Início » Últimas Notícias » Serra do Curral: propina acima da proteção

Sustentabilidade

Serra do Curral: propina acima da proteção

Exploração irregular foi facilitada por servidores públicos que deviam proteger a Serra do Curral.

3 min de leitura
Serra do Curral: propina acima da proteção
Parte do cartão postal de Minas, Serra do Curral. Foto: Bernardo Dias/Câmara Municipal de Belo Horizonte
Publicidade

Aida Franco de Lima – OPINIÃO

E mais uma vez, quem deveria proteger o meio ambiente é quem o explora. E o leque é grande. São políticos, funcionários públicos, empresários, todos juntos para explorar ao máximo áreas que deveriam ser protegidas. E em troca da destruição, a propina.

Publicidade

O problema não vem de agora, mas ganhou visibilidade nesta semana. Ocorre que, ainda no mês de abril, a empresa Patrimônio Mineração havia sido notificada a fim de paralisar seus trabalhos em uma das grutas que compõem a Serra do Curral. Uma cadeia de montanhas onde brotou a capital Belo Horizonte. A empresa descumpriu a determinação de parar a exploração que colocava em risco uma gruta da Serra do Curral. E, ao continuar a exploração em busca de minérios, encontrou também o desmoronamento do local. As denúncias já haviam sido levadas a órgãos fiscalizadores ainda em 2024, mas nada resolveu.

E lá vai a Polícia Federal (PF) bater cedo às portas, desta vez com a Controladoria-Geral da União (CGU), na última quarta-feira (17), deflagrando a Operação Rejeito para investigar o caso. Há indícios de que empresários pagavam propina para liberar projetos e fraudar licenças ambientais. De acordo com a PF, o líder desse grupo criminoso é Alan Cavalcante.

A revista Piauí faz um breve perfil dele:

Publicidade
  • “Seu patrimônio formal inclui um conglomerado de 38 empresas, entre mineradoras, construtoras e imobiliárias, a maioria em Minas Gerais, e uma multiplicidade de sócios. O capital social de suas empresas, somado, passa de 100 milhões de reais. Em junho passado, seu rosto tornou-se mais conhecido nas redes sociais quando deu o maior lance no leilão beneficente do atacante Neymar, em São Paulo: 1,2 milhão de reais pelo blazer e pelo cordão de ouro e diamantes que o jogador usava no evento. O valor incluiu ainda o Rolex de um empresário amigo do jogador.”

Também de acordo com a revista Piauí, nos últimos cinco anos, Cavalcante já foi autuado 18 vezes e multado num total de R$ 2,6 milhões, por captar sem autorização a água de um rio e por desmatar pelo menos 67 hectares na Serra do Curral, reduzindo a mata nativa a imensas cavas. Fleurs, nome do seu grupo empresarial, ocupa o terceiro lugar entre as empresas mais autuadas por infrações ambientais no estado de Minas Gerais no período de 2018 a 2023.

Foram 22 mandados de prisão e mais 79 mandados de busca e apreensão, além do afastamento de servidores públicos. Entre os presos está o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, suspeito de receber R$ 3 milhões em troca de beneficiar empresários no órgão, contrariando pareceres técnicos.

Publicidade

Pior que aquele que destrói o meio ambiente é quem é omisso ou usa o status de órgão protetor para abrir caminhos para destruir.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

Quer divulgar a sua opinião. Envie o seu artigo para o e-mail portal@h2foz.com.br

Newsletter

Cadastre-se na nossa newsletter e fique por dentro do que realmente importa.


    Você lê o H2 diariamente?
    Assine no portal e ajude a fortalecer o jornalismo.
    Assuntos

    Aida Franco de Lima

    Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.

    Deixe um comentário