Aida Franco de Lima – OPINIÃO
E mais uma vez, quem deveria proteger o meio ambiente é quem o explora. E o leque é grande. São políticos, funcionários públicos, empresários, todos juntos para explorar ao máximo áreas que deveriam ser protegidas. E em troca da destruição, a propina.
O problema não vem de agora, mas ganhou visibilidade nesta semana. Ocorre que, ainda no mês de abril, a empresa Patrimônio Mineração havia sido notificada a fim de paralisar seus trabalhos em uma das grutas que compõem a Serra do Curral. Uma cadeia de montanhas onde brotou a capital Belo Horizonte. A empresa descumpriu a determinação de parar a exploração que colocava em risco uma gruta da Serra do Curral. E, ao continuar a exploração em busca de minérios, encontrou também o desmoronamento do local. As denúncias já haviam sido levadas a órgãos fiscalizadores ainda em 2024, mas nada resolveu.
E lá vai a Polícia Federal (PF) bater cedo às portas, desta vez com a Controladoria-Geral da União (CGU), na última quarta-feira (17), deflagrando a Operação Rejeito para investigar o caso. Há indícios de que empresários pagavam propina para liberar projetos e fraudar licenças ambientais. De acordo com a PF, o líder desse grupo criminoso é Alan Cavalcante.
A revista Piauí faz um breve perfil dele:
- “Seu patrimônio formal inclui um conglomerado de 38 empresas, entre mineradoras, construtoras e imobiliárias, a maioria em Minas Gerais, e uma multiplicidade de sócios. O capital social de suas empresas, somado, passa de 100 milhões de reais. Em junho passado, seu rosto tornou-se mais conhecido nas redes sociais quando deu o maior lance no leilão beneficente do atacante Neymar, em São Paulo: 1,2 milhão de reais pelo blazer e pelo cordão de ouro e diamantes que o jogador usava no evento. O valor incluiu ainda o Rolex de um empresário amigo do jogador.”
Também de acordo com a revista Piauí, nos últimos cinco anos, Cavalcante já foi autuado 18 vezes e multado num total de R$ 2,6 milhões, por captar sem autorização a água de um rio e por desmatar pelo menos 67 hectares na Serra do Curral, reduzindo a mata nativa a imensas cavas. Fleurs, nome do seu grupo empresarial, ocupa o terceiro lugar entre as empresas mais autuadas por infrações ambientais no estado de Minas Gerais no período de 2018 a 2023.
Foram 22 mandados de prisão e mais 79 mandados de busca e apreensão, além do afastamento de servidores públicos. Entre os presos está o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, suspeito de receber R$ 3 milhões em troca de beneficiar empresários no órgão, contrariando pareceres técnicos.
Pior que aquele que destrói o meio ambiente é quem é omisso ou usa o status de órgão protetor para abrir caminhos para destruir.
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