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Todo mundo odeia as árvores

Aida Franco de Lima – OPINIÃO Calma, calma, todo mundo é muita gente. Sempre há exceções. Mas uma boa parte de nossos gestores públicos parece, sim, odiar as árvores. Olhe ao seu redor. Quantas árvores ...

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Todo mundo odeia as árvores
Seringueira cortada em frente ao cemitério de Cianorte. Sempre a mesma justificativa: causa riscos. Foto: Divulgação

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Calma, calma, todo mundo é muita gente. Sempre há exceções. Mas uma boa parte de nossos gestores públicos parece, sim, odiar as árvores. Olhe ao seu redor. Quantas árvores conseguem sobreviver e chegar à vida adulta?

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Dia 21 de setembro, em que se comemora mais um Dia da Árvore, é só mesmo mais uma data no calendário. Muitas escolas vão plantar mudinhas ao longo da data, e as prefeituras, as secretarias que se dizem do Meio Ambiente, irão postar nas suas redes sociais fotos bonitas.

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Corta para o mundo real. E corta mesmo. Até quando as prefeituras irão destruir deliberadamente nossas árvores, sem que nenhum órgão as questione? Havia um tempo em que as árvores urbanas eram de responsabilidade do órgão estadual, antigo Instituto de Terras, Cartografia e Florestas do Paraná (ITCF), que depois virou Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e, há alguns anos, Instituto Água e Terra (IAT). Fico pensando se o gasto para trocar toda a identidade visual, com a nova sigla, fosse investido em plantio de mudas e no cuidado delas. Teríamos grandes florestas.

Mas, enfim, depois que essa responsabilidade passou para as prefeituras, parece que virou mesmo terra de ninguém. O morador pede para cortar, o empresário, a Copel, o próprio município, e quem é que planta? Quem é que cobra para que as mudas sejam plantadas e cuidadas, assegurando que cheguem à vida adulta? Desconheço a resposta.

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O que temos é mais um Dia da Árvore e primavera com cidades tomadas de troncos, restos do que um dia foram árvores.

Em Londrina, uma moradora postou o vídeo de um ipê totalmente florido, durante a semana, e quando chegou sexta tinham cortado. Ela estava arrasada e indignada. No lugar plantaram, sim, outras mudas de ipê. Mas qual foi o motivo para cortar uma árvore, ainda mais quando está florida?

Em Cianorte, uma praça antiga da cidade, a JK, foi revitalizada por R$ 430.278. A primeira medida, cortar as árvores. Em outro ponto da cidade, no denominado Centro Novo, outra praça, sem nenhuma árvore de porte considerável no centro. Não se fala em transplante de árvores adultas. É um termo inexistente no vocabulário.

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Ainda nesta semana, muita gente se manifestou com indignação com o término da derrubada das seringueiras em frente ao cemitério. O que se nota pelo centro da cidade são os toldos tentando dar a proteção das árvores. Somente um contrato para empresa cortar árvores é de R$ 3.532.578,50. Dinheiro dá em árvore sim.

Em Foz do Iguaçu, a situação não é diferente. Como já retratamos aqui em inúmeros textos, em que a comunidade se mobiliza para exigir que o poder público faça seu papel de cuidar do verde. O das árvores.

Até quando nós, cidadãos comuns, ficaremos vendo nossas árvores destruídas, em nome de ideias ultrapassadas, que não sabem adaptar um projeto à existência das árvores, e não apenas eliminá-las? Até que provem o contrário, nem todo mundo, mas sempre as administrações públicas parecem odiar, sim, as árvores. E esse seriado é mais atual que nunca.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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    Aida Franco de Lima

    Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.

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