O Censo da População em Situação de Rua, coordenado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu, com apoio da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e outras instituições, mapeou o perfil de quem vive nas ruas da cidade.
Leia também: Pessoas nas ruas em Foz do Iguaçu: ‘Quero é voltar para casa’
Conforme os dados, são homens adultos, heterossexuais, majoritariamente pretos ou pardos, com baixa escolaridade. A informação é do professor Marcelino Teixeira Lisboa, que integrou o grupo de trabalho.
Ele foi convidado a participar da equipe pela expertise em análise estatística voltada às ciências sociais. “Mais da metade dessa população é de pessoas oriundas de outros lugares, ou seja, não são nascidos em Foz do Iguaçu”, sinaliza.
Segundo o professor, a maioria não tem intenção de retornar à cidade de origem, mas deseja sair da situação de rua. Para ele, moradia e fonte de renda são os principais fatores que podem levar essas pessoas a sair das ruas.
Abordagens e entrevistas
Durante o censo, foram feitas 685 abordagens, com 569 entrevistas realizadas com pessoas em situação de rua, durante o mês de agosto. O resultado servirá para elaboração de políticas públicas mais efetivas voltadas ao atendimento dessa população.
Marcelino ainda destaca que vários estudantes da Unila, das áreas de migração e saúde, participaram da fase de elaboração da metodologia.
Diretor de Vigilância Socioassistencial da prefeitura, André dos Santos explica que a estimativa do tamanho da população em situação de rua em Foz era baseada em dados do Cadastro Único e de serviços públicos, como o Centro Pop, a Casa de Passagem e outros.
As informações colhidas durante o censo servirão para elaboração do Plano Municipal de Atendimento a Pessoas em Situação de Rua, que embasará ações nas esferas da saúde, assistência social, emprego, habitação e outras.
O trabalho também resultará na publicação de um livro, que está em fase final de elaboração.

Brasileiros são maioria nas ruas
O levantamento apontou que a maior parte dos moradores de rua é brasileira, ao contrário do que muita gente pensa. Os estrangeiros, diz o professor Lisboa, normalmente estão há pouco tempo em tal situação.
Entre os estrangeiros identificados, além de paraguaios e argentinos, também se notou a presença de venezuelanos. Muitos deles vêm de São Paulo ou entram em Foz do Iguaçu pelo Paraguai.
Além do professor Marcelino Lisboa, participaram pela Unila os discentes Thais Custodio (Ciência Política e Sociologia), Jesus Catacora (Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família) e Nikolas Miranda (Ciência Política e Sociologia).
O trabalho também teve a participação de Roldy Julien e Job Paul, representantes da Associação dos Migrantes, Indígenas e Refugiados de Foz do Iguaçu.


