Em alta, sinistros de trânsito em Foz do Iguaçu retornam ao patamar pré-pandemia

Eversson Cadaval comenta cruzamentos perigosos e gargalos e propõe repensar o transporte coletivo ligando as cidades da fronteira; assista.

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A quantidade de sinistros leves, moderados e graves no trânsito de Foz do Iguaçu está retornando aos quantitativos pré-pandemia. O gerente do Observatório de Segurança do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), Eversson Cadaval, aborda os principais desafios de transitar nas vias públicas da cidade, em entrevista durante o programa Marco Zero.

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Assista à entrevista:


O inspetor de área da Guarda Municipal e integrante do Programa Vida no Trânsito (PVT) comenta estatísticas, cruzamentos mais perigosos e principais gargalos do trânsito iguaçuense. “Infelizmente, estamos voltando à ‘normalidade’”, assevera, em relação a ocorrências envolvendo motoristas e pedestres nas vias públicas.

Entre janeiro e julho, foram 1.394 acidentes registrados pelo 9.º Grupamento de Bombeiros, média de 6,6 por dia, com oito vidas perdidas. Nos sete primeiros meses deste ano, já são mais acidentes do que no mesmo período de 2020, 2021 e 2022.

Atuante nas ações de combate à violência no trânsito, Eversson Cadaval também enxerga o aumento da incidência, como apontado pelos bombeiros. Ele reforça essa tendência a partir da análise de “dados gerais de sinistros, que englobam também pequenos acidentes, que não geram uma pessoa ferida ou acionamento do SIATE [unidade que atende vítimas]”.

Para o servidor público, o índice de sinistralidade impacta as contas públicas, com aumento da despesa hospitalar e auxílios, além de afetar famílias. E insere outro aspecto entre os prejuízos resultantes dos problemas de mobilidade: a saúde mental. “Estresse nos deslocamentos também causa impactos físicos e psicológicos”, enfatiza.

Na entrevista, o integrante do PVT em Foz do Iguaçu chama atenção para os sinistros envolvendo motociclistas, que em Foz do Iguaçu têm como agravante as motos de placa paraguaia e a obtenção de habilitação no país vizinho. Ele mensura que o Paraguai também enfrenta esse problema. “A intervenção tem que ser em vários aspectos”, reivindica.

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Sinistros de trânsito

Melhorias viárias, transporte coletivo eficiente, conscientização, redução da velocidade, atuação técnica e incidência política são elementos que podem levar à redução da violência e dos prejuízos individuais e sociais, elenca. O guarda municipal também cita preocupação com rodovias que cortam a cidade.

Individualmente, cada pessoa pode fazer algo para melhorar o trânsito, defende. “A melhora da mobilidade e a segurança no trânsito são um processo coletivo, o qual precisa de mobilizadores, instâncias do próprio governo que tenham atitudes que orientem as pessoas”, reflete Eversson Cadaval.

Eversson Cadaval, do Programa Vida no Trânsito, entrevistado no Marco Zero – foto: Alexandre Palmar


Para ele, pressupostos locais, nacionais e globais convergem para a importância da redução da velocidade. “Por incrível que pareça, quando o trabalho é de forma técnica, se consegue reduzir as velocidades máximas, aumentar a fluidez em uma avenida e reduzir sinistros. Parece contrassenso, mas não é”, expõe no Marco Zero.

Nas rodovias, aponta, há um índice alto de sinistros graves e óbitos. Para ele, é o fator velocidade agregado à falta de passarelas, viadutos ou trincheiras. “Já temos isso claro nos dados, precisamos de intervenções. Está chegando a Perimetral [Leste], teremos um deslocamento de fluxo para aquela nova rodovia, o que tem que já ser pensado”, frisa.

Segunda ponte e ônibus

Ao abordar soluções no trânsito, Cadaval reforça a importância do modal público e lança a proposta para que os agentes governamentais reflitam sobre o sistema que incluirá a Ponte da Integração. De acordo com ele, seria possível investir em um sistema de transporte coletivo eficiente binacional, entre Brasil e Paraguai.

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“Será que não é uma grande oportunidade para voltarmos a ter um transporte coletivo entre as duas cidades?”, indaga. “Se tivermos um serviço eficiente e rápido, quantas motos e carros poderíamos tirar das vias, somente com estudantes que cruzam a fronteira todos os dias? Seria positivo tanto na emissão de poluentes, para a sustentabilidade e a qualidade de vida”, sugere Eversson Cadaval.

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2 Comentários
  1. Orlandi de meira da Silva Diz

    A nossa cracolandia de motos

  2. Alex Diz

    Preocupação com malha viária eficiente e transporte coletivo de qualidade é tudo o que o órgão de transporte do município não tem…basta ver os sinais de trânsito sem sincronia, preferenciais sem sentido e transporte coletivo demorado, com linhas mal planejadas.

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