Dezembro fecha com pior estiagem em 10 anos. E janeiro, como será?

Janeiro será mais chuvoso, com certeza. Mas situação de escassez hidríca pode não mudar muito.

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Janeiro será mais chuvoso, com certeza. Mas situação de escassez hidríca pode não mudar muito.

Foz do Iguaçu teve o dezembro mais seco desde 2011. Naquele ano, choveu ao longo do mês 44,2 mm; no dezembro que terminou, foram 50,6 mm, de acordo com o Simepar. A média histórica para o mês é de 170 mm.

O detalhe é que dezembro só não foi totalmente seco graças aos dois últimos dias, 30 e 31. Segundo o Simepar, quase o mês inteiro foi seco e quente, o que prejudicou muito a agricultura da região.

O pior é que em novembro a chuva também ficou abaixo da média histórica, que é de 157,5 mm. Choveu 112,4 mm.

CHUVA MAL DISTRIBUÍDA

Outra curiosidade apontada pelo Simepar. No ano passado inteiro, choveu em Foz 1.638 mm. Portanto, volume que ficou dentro da média histórica anual, que gira entre 1.600 e 1.800 mm.

Mas essa média só foi atingida porque só em janeiro choveu 650 mm. Houve uma má distribuição de chuvas ao longo do ano.

Veja como foi a distribuição de chuvas ao longo do ano, em Foz. Janeiro e outubro se destacaram por chuvas acima da média.

Já maio, com pífios 34,6 mm (média histórica é de 169 mm), julho com 45,6 (média histórica é de 122 mm), agosto com míseros 29,8 mm (média histórica é de 110 mm) e setembro, com 77,2 mm, quando a média histórica do mês é de 170 mm, foram os responsáveis por agravar a estiagem, que já vinha de 2020.

Veja os índices mês a mês:

  • Janeiro: 649,6
  • Fevereiro: 27,0
  • Março: 106,2
  • Abril: 60,8
  • Maio: 34,6
  • Junho: 134,0
  • Julho: 45,6
  • Agosto: 29,8
  • Setembro: 77,2
  • Outubro: 310,2
  • Novembro: 112,4
  • Dezembro: 50,6

Para os meteorologistas, 2021 é um ano a ser esquecido. Com as mudanças climáticas, foi complicado fazer previsões acertadas. Houve muitas discrepâncias entre os serviços, para um ano que começou molhadíssimo e terminou sequíssimo.

E EM JANEIRO?

E janeiro, como fica? No primeiro dia útil do mês, nesta segunda-feira, 3, deu pra respirar mais aliviado. O tempo fechou bem cedo e choveu. Pouco, até meados da manhã.

Mas suficiente pra baixar a temperatura, dos escaldantes 38 graus à sombra, no domingo, para menos de 20 graus nesta manhã. Suficiente, também, para melhorar a umidade do ar, que há vários dias chegou a níveis de deserto, durante a tarde.

Nos próximos dias, há boa possibilidade de que haja mais chuvas. E a volta à “temperatura normal”, isto é, acima de 30 graus.

CHUVA À VISTA

O céu de Foz, na manhã desta segunda, parecia indicar temporal e muita chuva. Mas parece que foi só pra enganar. Foto Patrícia Iunovich

Simepar, Inmet, Sistema Faep, AccuWeather e Climatempo veem grande chance de chover nesta terça. A menor probabilidade (60%) é apontada pelo CPTEC/Inpe.

Pra ficar só nesta semana, o Simepar prevê chuva na terça, na sexta e no domingo.

O Inmet, na terça, quarta e quinta-feira (é até onde vai a previsão estendida).

O Sistema Faep, com maior ou menor probabilidade (a menor é quinta-feira, apenas 29% de chance, e a maior no domingo, com 100%), marca chuva pra semana inteira.

É a mesma previsão do AccuWeather, também variando a possibilidade: as maiores são de 80% na quarta-feira e 81% no sábado.

O CPTEC/Inpe é mais contido (e acertou mais vezes, em dezembro). Chance de chover é de 60% na terça-feira e de 70% na quinta e no sábado.

Ou seja, razoavelmente animador.

OTIMISMO E REALIDADE

Descontando-se o Sistema Faep, que com maior ou menor possibilidade prevê chuva todos os dias de janeiro, os outros serviços de meteorologia não são tão otimistas.

De hoje ao dia 17, pode chover em seis dias do período, conforme o Simepar.

De hoje ao dia 14, serão 10 dias com possibilidade de chuva, de acordo com o AccuWeather.

Bem diferente do que prevê o CPTEC/Inpe: de hoje ao dia 14, há chance de chover em apenas três dias. Felizmente, este serviço já errou: pra esta segunda, não previu chuva. Ou melhor, considerou que a chance era de apenas 5%.

RACIONAMENTO

Em algumas cidades do Paraná, as últimas chuvas de dezembro e início de janeiro permitiram que a Sanepar interrompesse o rodízio no abastecimento. É o caso de Carlópolis e Santo Antônio da Platina.

Na região da capital, o rodízio só vai terminar quando o nível do Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba e Região Metropolitana chegar a 80%, conforme a Sanepar.

Nesta segunda-feira, está em 66,89%. O sistema é composto pelas barragens de Iraí (nível em 63,15%), Passaúna (59,58%), Piraquara 1 (75,92%) e Piraquara 2 (84,32%).

RIOS DE FOZ

A estiagem atinge todo o Paraná por dois anos seguidos. Em Foz do Iguaçu, a vazão do Rio Iguaçu, medida no Hotel Cataratas, está nesta manhã em 469 metros cúbicos por segundo (a normal é de 1.500 m³/s).

O Rio Paraná, na Ponte da Amizade, está em torno de 10 metros abaixo da sua cota normal. O Paranazão (quase “zinho”) não depende apenas das chuvas no Estado, mas de toda a bacia, que abrange Minas Gerais, São Paulo e até Goiás. A bacia se beneficiou muito pouco das chuvas que têm caído no Sudeste.

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