Ohio: cortina de fumaça, tóxica

Trem que carregava substância tóxica descarrilou no início de fevereiro, em Ohio, EUA. E apesar da relevância do assunto, a repercussão na mídia não tem sido tão grandiosa como representa ser o dano ao ambiente

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Por AIDA FRANCO LIMA | OPINIÃO

O descarrilamento de um trem, com substância tóxica, nos EUA, no último dia 03 de fevereiro, na cidade de East Palestine, em Ohio, começou a repercutir na mídia brasileira. Sim, passou bastante tempo para que um assunto tão grave viesse à tona. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental americana o problema não representa um nível tão preocupante para a saúde humana. Porém, talvez justamente pelo vácuo na mídia, as redes sociais passaram a dar visibilidade ao caso. Atribuiu-se a gravidade do acidente a algo próximo ao acidente radioativo de Chernobyl , em 1986. E foi assim que as autoridades correram para acalmar a população.

Sempre me questiono quando alguma autoridade minimiza acidentes ambientais. Como é que produtos altamente tóxicos, esparramados em rios, no solo e pelo ar, não irão causar danos? Centenas de vagões teriam descarrilado, sendo que dezenas destes continham substâncias tóxicas, entre eles o cloreto de vinila. Esse produto é utilizada na produção de revestimentos, adesivos, plásticos e coisas do gênero. Queima facilmente assim como também libera rapidamente gases tóxicos. Quando inalado, aumentam as possibilidades de danos ao fígado e sistema nervoso, assim como câncer de pulmão. O trem é feio!

O acidente provocou uma nuvem gigante de fogo e fumaça preta e as autoridades também correram contra o tempo para que os moradores em um raio de 1,6 km deixassem suas casas. Assim, um dia você esta vendo um filme de terror na sua sala e no outro você está inserido no meio dele. Mas e os animais? E as florestas? E o solo e rios? E o ar? Tudo está sendo contaminado, os animais estão morrendo. E as autoridades, mais uma vez, correm para tranquilizar a população e rebater as notícias que poderiam alarmar ainda mais os moradores.

Porém, o que tem se questionado é o modo como uma notícia tão impactante oculta-se em meio a outros fatos que poderiam ser considerados como cortina de fumaça, como por exemplo os OVNIs – Objetos Voadores Não Identificados. Até porque o governo americano nunca fez questão de falar sobre o tema e dessa vez tenta pautar o noticiário com assuntos de outros mundos.

Notícias relativas ao meio ambiente restringem-se, normalmente, a dois pontos antagônicos. Se pela beleza ou caos extraordinário. É como se não houvesse um meio termo, mas há. Afinal, o meio somos nós também.

Nessa terça, 14 de fevereiro, o assunto ganhou os tópicos mais comentados do Twitter. Um internauta destacou que “Só para colocar isso em perspectiva, o rio Ohio contaminado é o MAIOR afluente do rio Mississippi!”. Há denúncias de que jornalistas foram presos por noticiarem a tragédia. A 1 km do local uma mulher mostrou que em sua propriedade, todas as galinhas morreram. Há inúmeros outros relatos de animais de estimação que adoeceram rapidamente. Há vídeos que mostram inclusive os rios sendo limpos, com os peixes mortos sendo retirados por empresas especializadas.

Segundo o conteúdo jornalístico @GeopolPt, um endereço verificado, “no estado de Ohio intensifica-se o caos resultante do gigantesco desastre ambiental da semana passada, com jornalistas e populares a serem detidos arbitrariamente pelas autoridades. Na imprensa começa-se a falar abertamente “de momento Chenobyl dos EUA”.

Tem causado certa intriga a relação do acidente, com o filme Ruído Branco, lançado em 2022, cujo cenário foi a cidade de Ohio e que diz a respeito de um nuvem tóxica de fumaça que obriga que a comunidade local fuja em busca de segurança. Mas não deveria nem haver estranhamento, pois mesmo diante das poucas informações disponíveis, qualquer leigo poderia deduzir que se trata de uma tragédia anunciada transportar produto tóxico na mesma estrutura ferroviária usada para outros fins. Uma hora a casa cai e sim, a luz no fim do túnel é o trem descarrilado sufocando o meio ambiente e a comunicação.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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