Covid-19: “relaxo” em Foz agrava situação. E ainda: panorama do PR, Brasil e vizinhos

As pessoas ainda não entenderam que o novo coronavírus veio pra ficar, ao menos enquanto não existir uma vacina.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Se em Ciudad del Este a reabertura da Ponte da Amizade não fez aumentar o número de casos de covid-19, por que isso aconteceu em Foz? Antes de fechar a fronteira, se alguém pensa nisso, é bom analisar o que se vê nas ruas.

Enquanto não houver vacina, não dá pra arriscar, como tanta gente faz. As mortes continuam ocorrendo diariamente, mundo afora. Resultado não de abertura de fronteiras, mas do fato de que as pessoas parece que estão ansiosas para voltar à normalidade. Mas isso só será possível quando o vírus não estiver mais no comando.

Veja um panorama geral destes tempos terríveis.

 

Foz do Iguaçu: “emergência” em casos, “atenção” em óbitos

Os índices de casos e de mortes por covid-19, em Foz do Iguaçu, sobem muito rapidamente. Até o sábado, 14, a cidade contabilizava 11.064 casos e 163 mortes pela doença.

A regional de Saúde de Foz lidera o ranking paranaense de casos, com o índice de 4.065 casos a cada 100 mil habitantes, quase o dobro da média paranaense (2.065). A situação de Foz é de emergência.

Em relação aos óbitos, a situação de Foz se agravou. O índice, que sempre esteve abaixo da média paranaense, agora passou à frente. A cidade registra 54 mortes a cada 100 mil habitantes, ante 49,2 da média paranaense. Com isso, Foz passou ao estado de atenção.

Curiosamente, a situação em Ciudad del Este – e em Alto Paraná, de maneira geral – não se alterou com a reabertura da fronteira. Isso se deve aos cuidados tomados do lado de lá, porque em Foz o que se vê nas ruas, em locais públicos e até nos supermercados, é um relaxamento quase total

Nos supermercados, nem os caixas usam corretamente as máscaras, cobrindo apenas a boca. E os clientes simplesmente deixam a máscara cair no pescoço e assim desfilam entre as prateleiras. Sem contar as “festas da covid” cidade afora.

No quadro à esquerda, a posição de Foz em relação ao número de casos; à direita, em mortes, onde já passou a média paranaense. Fonte: Sesa

No Paraná, média móvel de casos sobe 34,2%; a de mortes diminui

O Paraná enfrenta novamente um grande aumento do número de casos confirmados de covid-19. A média móvel de sete dias, até sexta-feira, 13, ficou em 1.267, 34,2% acima da média móvel registrada 14 dias atrás.

Já a média móvel de mortes diminuiu 12,9% em comparação com a registrada há 14 dias. Até sexta-feira, foram 15 mortes por dia, em média.

No total, o Paraná soma agora 235.831 casos e 5.640 mortos em decorrência da doença. Há 607 pacientes internados, dos quais 297 em unidades de terapia intensiva. Já os recuperados somam 177.815 pessoas, o que dá um índice de 75%.

Tanto o sistema informatizado de monitoramento de casos e mortes no Paraná como do Ministério da Saúde passaram por problemas, durante a semana, e os números só foram atualizados de sexta para sábado. Há suspeita de ação de hackers.

No Brasil, 921 mortes em apenas 24 horas

Já há 5.848.959 brasileiros infectados pelo novo coronavírus. O Brasil registra 165.658 mortes, de acordo com o painel on line da universidade americana Johns Hopkins. É o segundo no ranking mundial em mortes e o terceiro em casos.

De sexta para sábado, foram 921 mortes, o maior número desde setembro.

O balanço do Ministério da Saúde, no sábado, apontou ainda que há 391.790 pacientes em acompanhamento. Outros 5.291.511 já se recuperaram da doença.

O ranking brasileiro de óbitos por covid é liderado por São Paulo (40.459), seguido por Rio de Janeiro (21.284), Minas Gerais (9.504), Ceará (9.439) e Pernambuco (8.815).

Os estados com menos casos são Roraima (706), Acre (708), Amapá (777), Tocantins (1.133) e Rondônia (1.501), de acordo com a Agência Brasil.

No ranking dos estados, a situação do Paraná não se alterou. É o 10º em casos e mortes.

 

Região de fronteira do Paraguai não teve aumento de casos

Ao contrário de Foz do Iguaçu, onde a pandemia ganhou força, os municípios do departamento de Alto Paraná (a capital é Ciudad del Este) estão tendo uma redução de casos positivos de covid-19, segundo a médica Idalia Medina, presidente da Associação de Médicos de Alto Paraná, conforme reportagens publicadas no jornal Última Hora e no portal Hoy.

Os casos positivos diminuíram para uma média de 10 por dia, mas há dias, de acordo com a médica, em que não se registra nenhum ou o número aumenta, mas sem trazer grande preocupação, principalmente porque há leitos disponíveis.

Mesmo assim, ela disse que é preciso não relaxar, usar máscaras corretamente e evitar aglomerações. “Continuamos insistindo para que as pessoas não relaxem, é preciso cuidar-se muito”, aconselhou.

Ela atribui exatamente aos cuidados sanitários o fato de a reabertura da Ponte da Amizade não ter contribuído para um aumento de casos em Alto Paraná.

“Oxalá continuemos assim, porque nosso vizinho não está muito bem, por assim dizer. Lá existe um novo pico de casos e eu acredito que é porque já recebem muitos turistas de outros lugares”, disse, lembrando que Foz do Iguaçu registrou mais de mil casos em uma semana.

No Paraguai todo, já foram contaminadas 71.065 pessoas pelo novo coronavírus. Até o sábado, 14, 1.569 pessoas morreram de covid-19.

Não houve aumento na ocupação de leitos de enfermaria e de UTI em Alto Paraná, com a fronteira aberta. Foto ABC Color/Arquivo

Argentina já está na frente do Brasil, em mortes por covid-19

Com 1.304.846 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, a Argentina desceu para o 8º lugar no ranking mundial de casos, ultrapassada mais uma vez por um país europeu. Depois de França e Espanha, foi a vez de o Reino Unido trocar de posição com a Argentina.

No entanto, com 35.307 mortes até sábado, 14, a Argentina subiu para o 10º lugar no ranking, invertendo de posição com o Peru. Na semana passada, os óbitos de argentinos já tinham superado o de colombianos.

O país vizinho tem o índice de 78,46 mortos a cada 100 mil habitantes, ligeiramente superior ao índice brasileiro, de 78,14 óbitos a cada 100 mil habitantes.

Na semana passada, o índice da Argentina era mais baixo: 72,8 mortes a cada 100 mil, enquanto no Brasil era de 75 a cada 100 mil. Já prevíamos que a posição se alteraria, já que as mortes diárias na Argentina chegavam à metade das registradas aqui, embora a população do país seja quase 5 vezes menor que a brasileira.

Desde segunda-feira, 9, a área metropolitana de Buenos Aires passou para a fase de Distanciamento Social Preventivo e Obrigatório, decretado pelo governo nacional.

Segundo apurou a agência Télam, com a nova fase cresceu a circulação no transporte coletivo em 6%, com aumento maior nos trens, de 18,5%.

Este aumento de circulação, tanto no transporte público como nas autopistas, se deveu à ampliação da permissão para pessoas utilizarem os serviços, como professores e alunos, e o fim da exigência de um documento de permissão para deslocamento de maneira particular.

Mas, para os passageiros de ônibus e de trens, continua sendo obrigatório o porte do Certificado Único Habilitante.

Para andar nos trens da região de Buenos Aires, ainda é preciso uma autorização especial. Foto Agência Télam

No mundo, novos recordes

A agência Télam informa que, durante a semana, a Europa e os Estados Unidos voltaram a registrar recordes de casos, obrigando alguns países a aumentar restrições, para tentar conter o avanço da pandemia.

O novo coronavírus já contagiou 54.052.111 pessoas at5é as 11h deste domingo, 25, e matou 1.313.263 pessoas, conforme o painel on line da universidade americana Johns Hopkins.

Os Estados Unidos lideram em casos (10.906.725) e mortes (245.615). Nos números de sábado, o país registrou novo recorde mundial de casos num só dia – mais de 184 mil – e de 1.413 mortes.

Na Europa, como se vê no ranking, a chamada “nova onda” do vírus também vem apresentando números recordes. A Polônia, por exemplo, teve o maior número de mortes num só dia, 584, desde que a pandemia teve início. No total, já morreram, até este domingo, 10.348 poloneses.

A lista dos países com mais mortes vem se alterando semana a semana, com exceção dos três primeiros no ranking (Estados Unidos, Brasil e Índia). Os “10 mais” incluem México, Reino Unido, Itália, França, Irã, Espanha e, o mais recente, a Argentina.

A imagem é do Pixabay, mas é um retrato quase fiel do que se vê nas ruas de Foz, o uso incorreto da máscara.
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