Comerciantes e moradores criticam “abandono de obra” no Três Lagoas

Comunidade reclama de buracos, poeira e risco de acidentes; prefeitura diz que cronograma atrasou em função da desapropriação de terrenos. Obra deveria terminar em dezembro, mas pode levar mais 40 dias para ser concluída.

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H2FOZ – Alexandre Palmar
Fotos e vídeo: Marcos Labanca

Comerciantes e moradores do Três Lagoas estão revoltados com a Prefeitura de Foz do Iguaçu por causa dos problemas gerados por uma obra inacabada na Rua Ernesto Gayer. Eles denunciam os transtornos provocados pela “demora” na conclusão dos serviços de galerias pluviais e recape asfáltico na via urbana.

Os principais danos são os buracos ao longo do trecho, ou tampados provisoriamente com terra, a poeira em dias de sol e barro em dias de chuva, que tomaram conta do cenário, e o aumento do risco de acidentes de trânsito em virtude da meia pista, enumeram as pessoas ouvidas pelo H2FOZ.

VÍDEO

Comerciante há cinco anos na Rua Ernesto Gayer, Marisa Terezinha Santos, 46, contou à reportagem que na terça-feira, 8, ocorreram dois acidentes de trânsito. Num deles um motociclista colidiu numa carreta na disputa de espaço na pista estreita. O entregador de gás quase morreu, afirmou a sócia-proprietária de um mercado na comunidade.

“Está terrível para nós que somos comerciantes e temos lojinhas. Direto jogando água. Eu pensei em até fechar [as portas], mas como vou fechar? Ligaram lá na prefeitura e disseram que estava a todo vapor a obra, mas nós fizemos um vídeo que não tem ninguém. As máquinas foram tiradas. A obra parou”, criticou a senhora.

Comerciantes e moradores gravaram vídeos para denunciar situação da obra – Foto: Marcos Labanca

Segundo ela, o risco de colisão e de atropelamento é grande porque pelo trecho passam diariamente caminhões (transportando terra, pedra e areia), ônibus (coletivo e de turismo), automóveis, motocicletas e ciclistas. Todos disputando espaço com pedestres. “Até discussão no trânsito teve esses dias”, lembrou.

Para o aposentado José Artemimo, a situação demonstra “falta de respeito” e “falta de educação” com a comunidade. “Para pegar o ônibus está difícil. O nosso ponto está jogado”, lamentou o senhor de 81 anos, que mora há mais de 20 anos na Rua Ernesto Gayer, sem perder a esperança de que o serviço seja retomado nesta semana.

Ponto de ônibus está inacessível para os usuários do transporte coletivo – Foto Marcos Labanca

Empresária há nove anos no bairro, Rosangela Catarina Bublitz disse nunca ter passado por tanta poeira, sujeira e falta de consideração. “A obra tá parada. Primeiro era porque estava chovendo, e agora não está chovendo. Sumiram tudo”, criticou. Segundo ela, às vezes as máquinas aparecem dez minutos para tampar um buraco, congestionam o trânsito e depois “somem”.

VÍDEO PRODUZIDO POR MORADOR

Outro lado

Prefeitura encaminhou fotos de operários e máquinas finalizando bocas de lobo na altura do Loteamento Witt nesta quarta-feira, 9.

A Prefeitura de Foz do Iguaçu contratou a Itavel Serviços Rodoviários Eireli para a construção de galerias pluviais e o recape asfáltico na Rua Ernesto Gayer e Rua Humberto Machado, pelo valor de R$ 2.372.121,68 – numa área total de 27.476,15 metros quadrados.

A administração municipal comunicou que funcionários da empreiteira estão realizando serviço. A Diretoria de Comunicação encaminhou fotos de operários e máquinas finalizando bocas de lobo na altura do Loteamento Witt nesta quarta-feira, 9. De fato, a reportagem constatou uma pequena equipe trabalhando em outro trecho da rua.

Conforme a prefeitura em resposta ao H2FOZ, o prazo para conclusão do serviço foi adiado em mais 40 dias porque “atrasou o cronograma em função da desapropriação de terrenos onde a Rua Ernesto Gayer foi alargada”. Veja abaixo a nota encaminhada pelo município ao portal.

“Atendendo uma antiga reivindicação dos moradores, a Prefeitura de Foz do Iguaçu está executando trabalhos de drenagem e pavimentação na Rua Ernesto Gayer, bairro de Três Lagoas. Pela complexidade da área, infelizmente os serviços acabam gerando alguns transtornos temporários, mas que trarão benefícios permanentes.

A Secretaria de Obras já oficiou a empresa responsável pela obra para que execute os trabalhos buscando sempre diminuir os transtornos aos moradores e comerciantes. Apesar da obra estar dentro do prazo contratual (até maio de 2021), a expectativa é que os trabalhos sejam concluídos antes em até 40 dias.”

Medição do TCE-PR

A placa fixada na via não revela a data de início da obra, mas conforme o Tribunal de Contas do Paraná o serviço começou em 22 de junho de 2020, tendo prazo de 180 dias para ser concluído. O site do TCE-PR indica que a data estimada para o término da obra era o dia 19 deste mês.

De acordo com o TCE-PR, a última medição indicou 19,57% do serviço concluído, conforme o mais recente envio de informações pela Prefeitura de Foz do Iguaçu (em 23 de novembro, com dados referentes a outubro). Clique aqui para acompanhar os detalhes do contrato e monitoramento.

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