Endividamento supera 80% dos mais pobres pela primeira vez

Inadimplência bate recorde com famílias em dificuldade para fechar as contas no fim de mês; inflação dos alimentos é a vilã.

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Inadimplência bate recorde com famílias em dificuldade para fechar as contas no fim de mês; inflação dos alimentos é a vilã.

Mesmo com sensíveis melhoras em indicadores econômicos, os brasileiros seguem com dificuldades para fechar as contas no fim de cada mês. Renda baixa e inflação alta, que incide especialmente sobre o custo dos alimentos, formam uma equação que castiga pessoas e famílias dos segmentos mais populares.

O endividamento dos mais pobres superou 80% pela primeira vez na série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), estudo mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em setembro, o número de consumidores com renda inferior a dez salários mínimos aumentou 0,4% e atingiu 80,3%,

Já no grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados ficou estável no nono mês do ano, porém crescendo mais na comparação anual (ampliação de 7 p.p.) do que entre as famílias de menor renda (5 p.p.), expõe da CNC. No geral, o total de lares brasileiros com dívidas a vencer chegou a 79,3%, perfazendo o terceiro aumento consecutivo em 2022.

Em setembro, o volume de consumidores que atrasaram o pagamento de dívidas atingiu 30%, o maior desde o início da PEIC, em 2010. Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “o alto nível de endividamento e os juros elevados afetam, sobremaneira, o orçamento das famílias de menor renda, ao encarecerem as dívidas já contraídas”, analisa.

O fardo do endividamento é maior entre os mais pobres, enfatiza a economista da Confederação Nacional do Comércio, Izis Ferreira. Para ela, “as dificuldades de pagamento de todos os compromissos do mês são mais latentes entre as famílias de menor renda”. Essas pessoas, diz, enfrentam o nível de endividamento elevado e juros maiores, que pioram as despesas com as dívidas.

Negativados

Outro estudo, que foi feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostra que quatro em cada dez brasileiros adultos (39,41%) estavam negativados em agosto de 2022. Esse contingente equivale a aproximadamente 63 milhões de pessoas, revela o levantamento.

Houve aumento de 10% no nível de consumidores com contas atrasadas em relação ao mesmo período do ano passado. Para a CNDL, a inflação alta, especialmente com relação aos alimentos, continua impactando negativamente no orçamento das famílias, apesar de outros indicadores no cenário macroeconômico apresentarem melhora, como a redução do desemprego.

A entidade aposta no aquecimento sazonal da economia para a reversão desses referenciais que prejudicam a economia e o acesso da população ao consumo, a bens e serviços. “Estamos próximos das contratações de final de ano e do pagamento do 13.º dos trabalhadores, o que geralmente traz alívio para o bolso dos endividados”, menciona o presidente da CNDL, José César da Costa.

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