A Foz que não cabe em cartão-postal: mais de 35 mil pessoas sobrevivem com R$ 105 por mês

A pobreza em Foz do Iguaçu cresceu vertiginosamente. Os números refletem a realidade percebida no dia a dia, nos semáforos, nas ruas, nas comunidades populares e nos serviços de voluntários que realizam ações sociais e solidárias.

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Os números refletem a realidade percebida no dia a dia, nos semáforos, nas ruas, nas comunidades populares e nos serviços de voluntários que realizam ações sociais e solidárias. A pobreza em Foz do Iguaçu cresceu vertiginosamente, comprovam os dados, descortinando uma cidade que pouco aparece no discurso oficial dos mandatários de plantão.

Na Foz do Iguaçu que não cabe em cartão-postal, mais de 35 mil pessoas sobrevivem com R$ 105 por mês, míseros R$ 3,50 ao dia. São cerca de 15 mil famílias em situação de extrema pobreza, maior contingente desde 2012, quando foi instituído o Cadastro Único, ferramenta que dá acesso a programas públicos e a benefícios do governo federal.

Os números exclusivos são de reportagem do H2FOZ, apurados com órgãos públicos. O levantamento mostra que dobrou (111,1%) o total de famílias na extrema pobreza, entre janeiro de 2020 e abril de 2022, saltando de sete mil para 15 mil lares em que as pessoas vivem nessa condição social.

O diagnóstico, portanto, revela que o crescimento da vulnerabilidade dos iguaçuenses teve início pouco antes de eclodir a pandemia de covid-19, avolumando-se no período de emergência sanitária. Esse quadro social dramático impõe outra reflexão: como essas famílias vêm enfrentando o momento pandêmico, sem garantias de renda e vivendo em moradias, na maioria das vezes, precárias?

Quase metade da população – aproximadamente 110 mil iguaçuenses – vive com renda per capita de até meio salário mínimo ou renda mensal total de até três salários. Nessa faixa social e de renda do Cadastro Único, o aumento foi de 32 mil para 47 mil famílias nos dois últimos anos.

Foz do Iguaçu recebeu, poucos dias atrás, agentes públicos de todo o país para discutir o futuro da assistência social. Entre as deliberações expressas na carta do encontro está uma ferramenta que o município, recebedor de vultosos recursos em royalties, não pratica, que é a Renda Básica de Cidadania como forma de proteção social e combate à fome.

Inclusão social e distribuição de renda são efetivadas com políticas públicas. A prefeitura, só agora, age para revogar a lei das vergonhosas placas espalhadas pela cidade com a frase “Não dê esmolas, dê oportunidades”, implantadas pela gestão municipal a partir de projeto aprovado na Câmara, na legislatura anterior. Três anos depois, há que se perguntar: quais foram as oportunidades criadas?

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