Janela partidária conserva ‘bancada do amém’ na Câmara de Foz

Leia a opinião do portal sobre a dança das cadeiras e a relação do legislativo com o poder executivo.

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Senso de oportunidade é inerente ao ocupante de cargo eletivo, o “político”, como se convém chamar, designação imprópria tendo que todo ser humano é político, no sentido de sociedade, como lembra a máxima aristotélica. Mas esse agente específico, que disputa eleições e pede votos, não titubeia ao escolher rotas que facilitem a permanência em cargos públicos.

Não há exemplo melhor para comprovar do que as trocas de siglas dos vereadores de Foz do Iguaçu, em corre-corre nos dias que antecederam a chamada janela partidária, fechada nessa sexta-feira, 5. Essa permissão da legislação eleitoral brasileira liberou edis para trocar o partido pelo qual se elegeram por outro, sem perder o mandato ou sofrer sanções.

As mudanças de agremiações na Travessa Oscar Muxfeldt são resultado de apostas de vereadores e vereadoras em legendas que, acreditam, possam ser mais viáveis para garantir o principal objetivo: a reeleição. Embora ressuscitem partidos há tempo sem conquistar assentos na Casa de Leis, a ordem legislativa segue inalterada.

A dança das cadeiras na Câmara mantém a “bancada do amém”, como foram batizados os vereadores fiéis ao prefeito Chico Brasileiro (PSD). A base de sustentação da administração seguirá majoritária, ante mirrada oposição, embora mais suscetível ao julgamento da população tanto quanto se aproxima o pleito eleitoral.

Adicionalmente, as trocas partidárias rodeiam as candidaturas que se apresentam para o cargo majoritário, na órbita de prefeituráveis e grupos políticos que vão à disputa para manter ou chegar ao Palácio das Cataratas. Com isso, vereadores pavimentam a via dupla para ficar no poder.

De modo mais amplo, não são poucas as críticas ao modelo de representatividade atual, com a fragmentação exacerbada de partidos que mais beneficia seus caciques do que a pluralidade, e uma confusão causada pela fragilidade ou ausência de programas, projetos e nitidez ideológica das siglas. Isso só contribui para afastar o cidadão da participação política.

Em ano eleitoral, é comum que velhos projetos apareçam com embrulho e fita novos. As mudanças partidárias dos vereadores operam no limite do jogo bruto da política e da eleição. Independência e fiscalização, de fato, permanecerão como prática escassa na Câmara de Foz do Iguaçu.

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