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Últimos dias de Chico Brasileiro prefeito

Prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, entrega as chaves do Palácio das Cataratas no próximo dia 31. Qual é o balanço de quase 8 anos de governo?

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Últimos dias de Chico Brasileiro prefeito
Chico Brasileiro em campanha eleitoral - Foto reprodução propaganda política

Restam dois dias para o fim do ciclo de Chico Brasileiro (PSD) no comando da Prefeitura de Foz do Iguaçu. Empossado em maio de 2017, há cerca de oito anos, ele constituiu a alternância política a Reni Pereira, que foi execrado do cargo e preso no escândalo político-policial traduzido como Operação Pecúlio.

Abrigado em um novo grupo partidário, ao centro, o então deputado estadual chegou à prefeitura apoiado na esperança de restaurar a dignidade do meio político no pós-Reni. E, efeito disso, revigorar a autoestima de uma cidade que viu a imagem pisoteada nacionalmente, com prisões de quem deveria ser exemplo de decoro.

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Chico Brasileiro iniciou sua primeira gestão prometendo priorizar a saúde — “sei fazer, vou fazer” — prevendo agilizar exames, consultas e cirurgias, além de fortalecer os serviços básicos. No entanto, o setor continuou a ser o principal problema enfrentado pela população durante seu segundo mandato (2021-2024). Alegou-se, a pandemia impôs demandas.

Certo é que, ao entregar as chaves do Palácio das Cataratas no próximo dia 31, Chico Brasileiro deixará um receituário de problemas antigos na saúde. Entre os principais, destacam-se as longas filas para exames, cirurgias e consultas com especialistas, a necessidade de melhorias na rede básica e diversas carências no Hospital Municipal, começando pelo número de leitos.

Medidas estruturantes e modernizadoras pouco saíram do papel durante os oito anos de gestão, apesar de o orçamento do município ter triplicado em dez anos, saltando para R$ 2 bilhões atuais. Maioria das grandes obras em andamento é fruto de investimentos de outros níveis de governo, não da prefeitura, que diz pesar o dispêndio com a saúde.

Prometido por Chico Brasileiro, o novo modelo de transporte coletivo — que poderia transformar a mobilidade e a qualidade de vida — não avançou. O contrato provisório do serviço de ônibus, em vigor, não atende às necessidades dos passageiros e custa R$ 30 milhões por ano aos moradores. Além disso, os cofres públicos devem arcar com R$ 200 milhões devido a uma contenda que está na Justiça, por falhas de gestão.

O plano municipal para promover a mobilidade urbana não foi implementado, e nem mesmo está atualizado — a cidade ainda carece do básico, como tapar buracos e integrar bairros e regiões. Anunciado como a solução para as políticas de meio ambiente e inclusão social de famílias vulneráveis, o projeto dos parques lineares não passou de propaganda e intenções.

Na área social, o Tribunal de Contas do Paraná atribui uma nota vermelha à gestão de Chico Brasileiro. O número de pessoas em situação de rua aumentou vertiginosamente, podendo atingir até duas mil, calcula uma ONG que atua na assistência. Existem 8.439 assentamentos precários no município, conforme o Plano Estadual de Habitação Social (2023). O Bubas aguarda solução para assegurar plenamente os direitos de seus moradores.

Sétima maior cidade do Paraná, Foz do Iguaçu amarga o 101.º lugar no índice de qualidade de vida do estado, conforme o Índice Ipardes de Desempenho Municipal (IPDM), que é oficial, tendo caído onze posições. Renda e saúde, essenciais para a população, são os principais responsáveis pela queda dos indicadores.

O contexto político delineia as condições para os postulantes a cargos eletivos. Se o “terreno arrasado” deixado por Reni Pereira favoreceu a ascensão de Chico Brasileiro à prefeitura, é a sua gestão que criou as bases políticas para a disputa que elegeu seu sucessor, Joaquim Silva e Luna (PL). Como propõe a análise do especialista Carlos Kossar, a promessa de desenvolvimento contra a estagnação foi um dos fatores que ajudaram o militar a vencer a eleição em Foz do Iguaçu em 2024.

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