Apesar de queda, Foz do Iguaçu tem quase 9 mil analfabetos

Número corresponde a 3,9% da população que tem 15 anos ou mais; preparamos uma reportagem especial com infográficos sobre a situação.

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Reportagem atualizada às 11h de 27/05/2024

Em Foz do Iguaçu, quase nove mil moradores com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever. Os dados são do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora o índice de 3,9% esteja abaixo e seja mais positivo que a média nacional (7%) e estadual (4,3%), a cidade ocupa a 44.ª posição em termos de taxa de alfabetização no Paraná. No estado, a capital, Curitiba, registra o menor percentual de analfabetismo, com 1,5%, seguida por Quatro Pontes (1,6%) e Maringá (2%). Em contraste, Godoy Moreira, na região central, apresenta o pior índice do estado: 16,7%.

A análise histórica mostra avanços da alfabetização nos três níveis (federal, estadual e municipal, no caso de Foz do Iguaçu). Na Terra das Cataratas, a taxa de analfabetismo era de 7,5% em 2000, 5,6% em 2010, até chegar aos atuais 3,9%. Nestes 22 anos, no Brasil a queda foi de 13% para 7%; e no Paraná, de 9,5% para 4,3%.

Meta = zero

O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2014, tinha como meta reduzir a zero o índice de analfabetismo absoluto até 2024. O professor Ari Luís Jarczewski, presidente da APP Sindicato-Foz, acompanha o tema de perto desde 2009 e confirma que essa situação poderia ser bem melhor.

“Até 2014, percebíamos um crescimento nos investimentos em planos e projetos educacionais. Especificamente na área da alfabetização, havia programas do governo federal que se estendiam para os estados e municípios, com o foco em atrair esses alunos analfabetos para que pudessem, no mínimo, aprender a ler e escrever”, explica.

Ari atribui esse avanço aquém das expectativas ao momento atual da educação no Brasil. “Como professor há quase 30 anos na rede pública e particular, vivemos talvez um dos piores momentos da história. Há uma agressividade sem sentido em relação a quem fala de educação pública e, infelizmente, grande parte da opinião pública e o senso comum absorveram essa visão.”

Comparação com 2010

Dos 399 municípios paranaenses, apenas 14 apresentaram regressão nos números de alfabetização em comparação com 2010. Cinco dessas cidades estão localizadas no Oeste do Paraná: Entre Rios do Oeste, Quatro Pontes, Tupãssi, Cafelândia e Nova Aurora. No gráfico, em azul mais escuro, estão os municípios que mais avançaram no período (Santa Lúcia, Boa Vista da Aparecida e Catanduvas).

Nos últimos 12 anos, as cidades que mais progrediram na redução do analfabetismo foram Imbaú (de 16,4% para 9%), Presidente Castelo Branco (de 12,4% para 5,2%) e Altamira do Paraná (de 17,6% para 10,6%).

Situação nacional

No Brasil, há 11,4 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabem ler e escrever, o equivalente a 7% da população nessa faixa etária. O Nordeste continua sendo a região com o índice de analfabetismo mais alto do país: 14,2%, o dobro da média nacional.

No ranking de estados, os melhores desempenhos são de Santa Catarina (2,7%) e Distrito Federal (2,8%). O Paraná ocupa a sexta posição, mas tem o pior índice do Sul do Brasil. Em relação aos municípios, as menores taxas do Brasil estão em São João do Oeste (SC), com 0,9%; Westfália (RS), com 1,05%; e São Caetano do Sul (SP), com 1,16%.

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