A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) se prepara para entrar em uma nova fase a partir de 2026. A desapropriação do imóvel situado no Jardim Universitário (JU) e a previsão de finalização do Campus Arandu em 2027 possibilitarão a expansão de cursos e atividades da instituição.
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Localizado em uma área vizinha à Itaipu Binacional, o Campus Arandu teve as obras retomadas em agosto deste ano, após um acordo de cooperação entre a Itaipu Binacional e o Escritório das Nações Unidas de Serviços e Projetos (UNOPS).
Interrompidas desde 2014, com cerca de 40% de execução, as obras estão orçadas em R$ 754 milhões, montante que é financiado pela Itaipu.
A obra ficou paralisada durante uma década, em razão divergências contratuais entre a então construtora e a universidade. Na ocasião, em 2011, havia sido firmado um contrato de R$ 240 milhões com o Consórcio Mendes Junior – Schahin.
A binacional também está investindo outros R$ 65 milhões na aquisição do prédio do Jardim Universitário, totalizando um aporte aproximado de R$ 813 milhões.
O valor disponibilizado pela Itaipu para o Campus Arandu se refere à primeira etapa das obras, que compreende o edifício administrativo, edifício de salas de aula, restaurante universitário, central de utilidades — túneis subterrâneos – biblioteca e acesso viário próprio — desvinculado da Itaipu Binacional e do Parquetec.

Edifício que abrigará restaurante. Foto: Marcos Labanca
A entrega será feita por edificações, e as primeiras previstas são a Central de Utilidades e o restaurante, para 2026. Em 2027, serão disponibilizados o edifício central de 18 andares e o bloco de salas de aula.
O acordo com o UNOPS é relativo apenas à primeira etapa das obras. O campus ainda tem uma segunda fase, sem data de início nem previsão de verbas.
De autoria de Oscar Niemeyer, o projeto da Unila segue a linha de outras cinco universidades idealizadas pelo arquiteto, explica Jair Varela, que integra a equipe de arquitetura. “O Niemeyer tinha um carinho muito grande por este trabalho”, frisa.
A construção é de responsabilidade do Consórcio MPD e Ankara Engenharia. A fiscalização está a cargo do Consórcio Nerkpe — Nova Engevix, Prisma Consultoria e Engenharia e RK Engenharia e Consultoria.
Mais cursos de graduação
Reitora da Unila, Diana Araújo avalia que agora a universidade terá condições de organizar-se internamente para crescer. “Nossa previsão é de aumentar cursos de graduação e fazer todos os esforços e colocar nossa energia para crescer na pós-graduação e pesquisa”, ressalta.
Atualmente, a universidade tem 29 cursos de graduação, porém há outros 12 já aprovados pelo Conselho Universitário em 2014 para serem implantados.
A desapropriação do prédio do JU é um alívio para o orçamento da Unila, que desembolsava ao mês R$ 426.233,33 para pagar o aluguel do edifício — valor que agora poderá ser alocado em outras frentes.
De acordo com Diana, em um ano a Unila terá em caixa R$ 4,5 milhões para investir em outras áreas, incluindo a assistência estudantil.
Com a economia, a ideia inicial da universidade é reformar o imóvel do JU, que é antigo e precisa de manutenção.
A desapropriação do prédio está prevista no Decreto 12.706, assinado pelo presidente Luiz Inácio da Silva e o ministro da Educação, Camilo Santana. O dispositivo legal faz com que o imóvel passe a ser propriedade da União para uso da Unila.
Utilizado há dez anos pela Unila, o prédio, de 19.363 metros quadrados, era alugado e pertencia à antiga Faculdade Uniamérica.

O imóvel conta com restaurante, ginásio e 27 salas de aula, 46 laboratórios de ensino, 25 laboratórios de pesquisa, sete laboratórios para práticas, biblioteca, auditório e outras instalações que totalizam 230 espaços em uso pela instituição.
Mesmo com a construção do Campus Arandu, o prédio do JU é de extrema importância para a Unila, porque concentra 60% dos laboratórios da universidade, alguns de alta complexidade.
Assessora da reitora, a professora Senilde Guanaes, responsável por um estudo sobre a infraestrutura da universidade, explica que os laboratórios não podem ser transferidos para as salas de aula do Campus Arandu, pois o projeto arquitetônico precisa ser seguido para a manutenção do “selo Niemeyer”.
Atualmente, a Unila tem 4.130 estudantes de graduação, 952 de pós-graduação e cerca de mil servidores técnicos, entre docentes e administrativos, dos quais 83 são terceirizados. Aproximadamente 40% dos alunos são de outros países.
O orçamento federal disponível para a Unila é de R$ 217 milhões ao ano.


