Cúpula do Mercosul no Paraguai é marcada por divergências entre os países

Jair Bolsonaro enviou apenas mensagem gravada; Uruguai insiste na assinatura de um tratado de livre comércio com a China.

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Jair Bolsonaro enviou apenas mensagem gravada; Uruguai insiste na assinatura de um tratado de livre comércio com a China.

Após dois dias de debates técnicos e políticos, foi encerrada, nessa quinta-feira (21), em Luque, região metropolitana de Assunção, a 60ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul. O encontro foi marcado pela ausência do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que enviou apenas um vídeo, e por divergências entre Uruguai, Argentina e Paraguai.

O principal ponto de tensão é o desejo uruguaio de assinar um tratado de livre comércio com a China. Pelas regras atuais do bloco, acordos dessa natureza só podem ser negociados em conjunto. Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, voltou a pedir a flexibilização das normas e disse que o país não pode ficar “congelado” à espera dos demais sócios.

Para Alberto Fernández, presidente da Argentina, um tratado como o pretendido pelo Uruguai poderia destruir a harmonia do bloco e inundar o mercado regional com produtos chineses, prejudicando a indústria. Já Mario Abdo Benítez, do Paraguai, recordou que seu país é aliado de Taiwan e não tem relações diplomáticas com a China continental.

Benítez reforçou posição em prol dos acordos coletivos, como o fechado com Cingapura, pequena nação que se tornou, nos últimos anos, um dos principais destinos das exportações dos países do Mercosul para a região da Ásia-Pacífico.

Lacalle Pou informou que o Uruguai finalizou o estudo bilateral de viabilidade e deve receber, em breve, uma equipe de diplomatas chineses para aprofundar as conversações. “Falaremos com os sócios do Mercosul e os convidaremos para que tomem parte nas negociações. Mas o Uruguai não pode ficar parado”, disse.

Jair Bolsonaro

Outro ponto negativo da cúpula foi a ausência do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que enviou apenas um vídeo gravado, com cerca de cinco minutos de duração, no qual falou sobre temas como a redução de alíquotas, como forma de combater a inflação; o enfrentamento à pobreza; e o fortalecimento das cadeias regionais de produção.

De acordo com a imprensa de Assunção, a postura inicial do Paraguai, organizador da cúpula, era não aceitar a difusão do vídeo ou a participação virtual do presidente brasileiro. A delegação brasileira no evento foi chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, que é quem aparece na foto oficial.

Após cogitar “bate e volta”, Bolsonaro enviou apenas um vídeo. Imagem: Ministério das Relações Exteriores/Paraguai

Comunicado conjunto

No documento emitido ao término da cúpula, contendo 41 pontos, os sócios do Mercosul reiteram questões como o respeito aos direitos humanos e às instituições democráticas, o compromisso com as medidas de combate à pandemia, a integração entre o bloco e a Aliança do Pacífico e a necessidade de garantir a segurança alimentar na região.

Outra questão é o reforço da importância da hidrovia nos rios Paraguai e Paraná; o enfrentamento aos efeitos negativos das mudanças climáticas; o respeito aos direitos dos povos indígenas; e o foco em abordagens conjuntas na luta contra o tráfico de drogas. O documento pode ser lido, na íntegra, clicando aqui.

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