Depois da crise da taxação no Brasil, zonas francas de Ciudad del Este enfrentam crise da pandemia

Várias empresas fecharam temporária ou definitivamente, demitindo pelo menos 600 empregados, segundo o Conselho Nacional de Zonas Francas.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Antes da pandemia, já não era boa a situação das empresas que operam nas zonas francas de Alto Paraná, principalmente em Ciudad del Este, no Paraguai. Agora, piorou ainda mais e centenas de empregos foram perdidos pelo fechamento permanente ou temporário de várias fábricas, informa o ABC Color.

O Conselho Nacional de Zonas Francas do Paraguai fez um levantamento nas zonas francas Trade e Global e verificou que a situação é crítica. Cerca de 600 pessoas, dfas 1.700 que trabalhavam em mais de 30 empresas, já perderam seus empregos

O presidente do Conselho, Roque González, disse que encontrou indústrias fechadas e outras com atividade suspensa. O objetivo da entidade é fazer um relatório da situação para depois planejar ações que possam reverter a situação.

O problema das empresas das zonas francas começou no início deste ano, quando o Brasil passou a taxar os produtos, por não reconhecer o certificado de origem, segundo norma do Mercosul aprovada no ano passado.

Com isso, a taxação dos produtos das zonas francas do Paraguai passou a ser entre 16% e 32%, inviabilizando a competição com outros paises e com produtos do Brasil.

O presidente da Zona Franca Global, Pedro Osvaldo Céspedes, disse que a principal preocupação dos empresários é a insegurança jurídica vigente deste o ano passado, quando o Mercosul aprovou a proibição de emissão de certificados de origem a produtos elaborados em zonas francas, inclusive com a assinatura dos representantes do Paraguai.

“As zonas francas podem ser ferramentas fundamentais para o país, principalmente nestes tempos de crise. Queremos trabalhar junto com eles, ver os pontos, as normativas, etc, que requerem modificação, ou serem retiradas. Considero que vamos pelo bom caminho e não podemos continuar perdendo empresas”, disse o presidente do Conselho Nacional de Zonas Francas, Roque González.

E o comércio, na expectativa da venda on line

Enquanto as empresas da zona franca param, os empresários e comerciantes de Ciudad del Este ainda esperam o resultado das negociações entre os ministérios do Exterior do Brasil e do Paraguai,  para pôr em marcha o comércio on line, com delibery, noticia o Última Hora.

O que está faltando, na prática, é uma autorização da Receita Federal do Brasil para que os produto sejam comercializados pela internet, com a entrega dos produtos na Aduana do Paraguai, na Ponte da Amizade.

Said Taijen, da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este, disse que tudo depende do Brasil. “Se a Receita Federal aceitar, eu creio que pode ser um sistema de negócio viável”, disse.

Os empresários já foram ver o espaço na Aduana que pode ser utilizado para armazenamento. “Vimos o depósito que vamos gestionar para armazenas as compras feitas por clientes brasileiros, mas isto só vai funcionar quando o Brasil aprovar”, afirmou Taigen.

O empresário lembrou que faz quatro meses que o comércio de fronteira está parado e que, hoje, 97% das lojas do microcentro permanecem fechadaso. As lojas que abrem buscam cobrir alguns castos com as vendas ao mercado interno, mas é insuficiente, disse.

O que se sabe é que o governo paraguaio está negociando desde quarta-feira, 22, a questão do comércio on line, com delivery, mas não se sabe o resultado das conversas com as autoridades brasileiras.

Falha no delivery

Os comerciantes de Ciudad del Este estão acompanhando o primeiro delivery, que funcionou na fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã (MS).

O delivery deve voltar, mas fechou já no primeiro dia porque comerciantes chegaram em caminhões carregados de outras cidades do Paraguai, na tentativa de negociar com os brasileiros.

Como só havia duas barracas, para atender apenas pequenos comerciantes de Pedro Juan Caballero, o sistema foi paralisado, enquanto a situação não se resolve.

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