Covid-19: sem retroceder, Paraguai vai anunciar restrições devido ao aumento de casos

As UTIs estão lotadas e hoje são ocupadas até por jovens sem comorbidade, o que confirma o quanto o vírus é perigoso.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O aumento de casos de covid-19 e o excessivo relaxo da população no cumprimento das normas sanitárias, levará o Paraguai a adotar novas restrições, a partir da semana que vem, informa o jornal Última Hora.

“Os contágios estão em crescimento e isso acende todos os alarmas”, disse o vice-ministro de Saúde, Julio Borba. Preocupa, também, o aumento de internamentos, inclusive de jovens não portadores de comorbidades, o que não ocorria no início da pandemia.

Há poucos dias, o diretor de Vigilância da Saúde, Guillermo Sequera, havia dito que dezembro é um mês complicado, devido à quantidade de encontros e reuniões que se realizam nesta época do ano.

As autoridades de saúde do Paraguai se reúnem hoje, quinta, para discutir medidas que possam ser adotadas para que os protocolos sejam obedecidos. O anúncio das ações será feito nesta sexta-feira, 4, pelo ministro Julio Mazzoleni.

Segundo o jornal Última Hora, ao ritmo atual, o Paraguai pode atingir 100 mil contagiados antes de finalizar o ano. Na quarta-feira, 2, o país registrava 84.482 casos acumulados e 1.783 óbitos desde o início da pandemia. A média de contágios tem se mantido acima de 1.000 por dia.

“Estamos preocupados com a situação, não era o que se esperava. Pretendíamos que os números fossem baixando, mas, lamentavelmente, há um excessivo relaxamento”, disse o vice-ministro, em entrevista a rádio Monumental 1080 AM.

JOVENS INTERNADOS

A grande preocupação das autoridades de saúde paraguaias é com o relaxamento dos cidadãos. Foto Agência IP

O jornal La Nación noticia que ao aumento de casos de covid-19, soma-se outra situação grave: há muitos jovens em UTI sem qualquer enfermidade de base.

Quem informou isso foi a diretora de Terapias do Ministério da Saúde, Leticia Pintos. “Estamos preocupados com o aumento dos casos, não só com os números, mas também pelo aumento do tipo de pacientes que se internam em terapia intensiva”, afirmou a média.

Ao contrário do que acontecia no início da pandemia, quando as pessoas com patologias de base é que precisavam de cuidados intensivos, hoje há jovens na UTI sem padecer de qualquer enfermidade, Segundo ela, isto significa que qualquer um pode apresentar um quadro grave de saúde, ao contrair o vírus.

O dado positivo, diz Letícia Pintos, é que, quando a pandemia começou, a mortalidade chegava a índices de 85 a 90%, “e hoje temos uma mortalidade geral de 45%. “É uma enfermidade nova, que se vai aprendendo no caminho”, conclui a diretora.

EM CIUDAD DEL ESTE, NORMALIDADE

O movimento poderia ser muito maior até o final do ano, em Ciudad del Este, mas informações e boatos prejudicaram a vinda de brasileiros. Foto La Clave

Nas redes sociais de Ciudad del Este, circulam informações de que o número de infectados duplicou e que já não há leitos livres de UTI. Isso não é verdade, como garantiu a 10ª Região Sanitária de Alto Paraná, mas bastou para afetar a presença de mais brasileiros no comércio da cidade, segundo o jornal La Clave.

Na verdade, como lembra La Clave, a informação foi do governo paraguaio, com o alerta sobre o aumento de casos e ocupação elevada de leitos de UTI. Mas o problema não afetava Alto Paraná, onde fica Ciudad del Este, onde o número de casos não aumentou após a reabertura da ponte e há leitos de UTI disponíveis, utilizados inclusive por pacientes de outros departamentos do Paraguai.

O desmentido da 10ª Região Sanitária não teve a mesma repercussão do alerta inicial, o que diminuiu o movimento de compradores brasileiros no comércio de Ciudad del Este, informa La Clave.

Logo depois da reabertura da Ponte da Amizade, o movimentou ficou em 30% do que era normalmente nesta época. Nos últimos dias, havia subido para 60% agora, segundo Linda Taijen, presidente do Conselho de Desenvolvimento do Leste (Codeleste).

Os comerciantes tinham informações que agências de viagens brasileiras trariam a partir de agora milhares de turistas brasileiros. “Isso não aconteceu, no entanto”, disse Linda, exatamente porque correram boatos de fechamento da ponte e de que havia uma grande quantidade de contágios e falta de leitos em Foz e Ciudad del Este, o que fez muitos turistas brasileiros desistirem de vir para a fronteira.

SEM CARNAVAL

Tradição turística e cultural de Encarnación, o carnaval já está suspenso, pela pandemia e por falta de recursos.

Entre as vítimas da covid-19, no Paraguai, está o tradicional Carnaval de Encarnación, cidade que faz fronteira com Posadas, na Argentina, informa o jornal Última Hora.

O prefeito de Encarnación, Luis Yd, anunciou na quarta-feira, 2, que o carnaval está suspenso, devido à pandemia de covid-19. A festa, que em 2021 ocorreria mais cedo, oficialmente (16 de fevereiro), em Encarnación já estava programada para iniciar já nos últimos dias de janeiro.

Como se sabe, a pandemia atingiu também o maior carnaval do Brasil, o do Rio de Janeiro. A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio já bateu o martelo e definiu que o Carnaval de 2021 será de 8 a 11 de julho.

Em Encarnación, os clubes que organizam o carnaval estão sem recursos, segundo o prefeito, e até respondem na Justiça por dívidas, devido à má administração da Comissão de Carnaval.

A pandemia se somou a essa crise para que o prefeito decidisse suspender a tradicional festa.

O prefeito aproveitou para lembrar que a cidade vive uma crise “nunca vista”. Encarnación sempre teve pontos cíclicos na assimetria com a argentina Posadas, mas nunca houve nove meses em que um paraguaio não pudesse ir a Posadas e um argentino vir a Encarnación, transitando livremente pela ponte internacional.

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