Enquanto isso, continua a luta dos paraguaios pra reabrir fronteira com a Argentina

Encarnación, cujo comércio é muito dependente de compradores argentinos (como Ciudad del Este depende dos brasileiros), enfrenta desemprego e crise.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O portal argentino Ámbito publica matéria sobre a situação na fronteira entre Posadas, capital de Misiones, e a cidade paraguaia de Encarnación, que vive uma séria crise por causa do fechamento da ponte que liga os dois países.

De um lado, os comerciantes de Encarnación fazem protestos para reabertura da ponte San Roque González de Santa Cruz, que une a Posadas; do outro lado, comerciantes de Posadas fazem lobby para que a fronteira permaneça fechada.

O governador da província de Misiones (cuja capital é Posadas), Oscar Herrera Ahuad, alega que a ponte não pode ser reaberta devido à pandemia, mas o prefeito de Encarnación, Luis Yd, diz que essa questão é secundária, já que o Paraguai tem números em queda e que bastaria estabelecer procedimentos sanitários.

“As razões de Posadas para manter o fechamento de fronteira são comerciais”, diz o prefeito. “O que estão está esperando é a regulamentação da lei que declara a cidade livre de impostos para logo reabilitar as passagens de fronteira. Isso é ser muito egoísta”, critica Luis Yd.

O Congresso argentino aprovou – e agora está sendo analisado pelo Ministério da Economia – uma lei que cria um regime especial aduaneiro nas províncias que têm fronteiras com Paraguai, Uruguai, Chile, Bolívia e Brasil.

As cidades de fronteira contarão com vantagens fiscais para comercializar com os vizinhos, mas os detalhes ainda não foram definidos. Em Misiones, seriam beneficiadas as cidades de Posadas e Puerto Iguazú.

Calcula-se que cerca de 70% dos trabalhadores no comércio de Encarnación perderam seus empregos, com o fechamento da ponte. Foto Ámbito

Protestos

Em Encarnación, a população não tem mais paciência. Por várias vezes comerciantes e moradores fecharam a passagem pela ponte internacional, impedindo o tráfego de mercadorias entre os dois países, para pressionar o governo paraguaio a buscar um acordo com o argentino.

O prefeito Luis Yd conclamou o presidente Mario Abdo Benítez a intervir, com urgência, ante as autoridades argentinas. “Estamos no limite”, queixa-se, em entrevista ao Ámbito. Não só a ponte precisa ser reaberta, diz, mas os trabalhadores que ficaram sem emprego precisam de ajuda financeira.

Na verdade, a fronteira paraguaia não está fechada para os argentinos. Eles podem entrar normalmente, mas não poderão retornar pela mesma fronteira. Pra voltar, só por via aérea, com a ligação entre Assunção e Buenos Aires. Quer dizer, ninguém faz isso.

“A ponte entre Encarnación e Posadas está habilitada para os poderosos, não para as pessoas comuns que desejam cruzar inclusive para visitar familiares e amigos que não veem há nove meses. É incompreensível que um grupo de comerciantes de Posadas, por seu próprio interesse, mantenha a ponte fechada e não permita a livre circulação de pessoas”, diz o prefeito Luis Yd.

Ao contrário do que afirmam os comerciantes de Posadas, o prefeito garante que, com o câmbio atual, muitos paraguaios iriam fazer compras na cidade argentina, e menos argentinos do que antes da pandemia fariam compras em Encarnación.

Ámbito questionou o prefeito se o sistema sanitário não está colapsado, como circulam comentários, e que pacientes com covid-19 estão sendo encaminhados a hospitais de Assunção e Ciudad del Este. “O hospital de Encarnación conta com leitos suficientes”, garantiu Luis Yd.

O prefeito conclui afirmando que “Posadas e Encarnación são uma só cidade, elas se complementam entre si. O Rio Paraná e a ponte San Roque González de Santa Cruz não nos separam, ao contrário, nos unem. O interesse particular não pode se sobrepor ao geral”.

Difícil é convencer os argentinos disso, ainda mais que, como já foi dito, são duas questões: sanitária e comercial.

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