Greve dos rodoviários em Foz do Iguaçu já é a mais longa da categoria

Paralisação de motoristas e cobradores entra no 30º dia e segue sem negociação ou previsão de encerrar.

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Paralisação de motoristas e cobradores entra no 30º dia e segue sem negociação ou previsão de encerrar.

A greve dos trabalhadores no transporte coletivo de Foz do Iguaçu entra no trigésimo dia e torna-se a mais longa já realizada pela categoria. A paralisação de maior longevidade havia sido em 1989, e durou 29 dias, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sitro-FI).

Motoristas e cobradores cruzaram os braços no último dia 13 de abril para exigir a reposição das perdas com a inflação, a data-base de 2020 e o pagamento de vale-alimentação. Somados, esses benefícios representam comprometimento superior a 20% na remuneração dos trabalhadores, segundo cálculo do sindicato.

Conforme o diretor de Comunicação do Sitro-FI, Rodrigo Andrade de Souza, a greve de 1989 ficou marcada na memória da categoria. “Na época, um encarregado de uma empresa matou a tiros o diretor do sindicato mais conhecido como Zé Mauro”, relembra. O dirigente sindical foi assassinato durante uma atividade da paralisação, conta Rodrigo.

Hoje, a greve está com negociação travada. A última mesa de negociações entre patrões e empregados, que teve a presença do prefeito Chico Brasileiro (PSD), acabou sem acordo. “Não há nenhuma novidade quanto à negociação. Vamos continuar com a greve até o julgamento pelo TRT”, afirma Rodrigo.

O julgamento a que se refere é do desembargador Célio Horst Waldraff, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que conduziu a mediação na Justiça. Com a falta de acordo, o juiz deu então prazo para as partes juntarem documentos ao processo, para proferir a sua decisão. Enquanto a questão trabalhista não é resolvida, o movimento continua.

Conforme o diretor do Sitro-FI, cerca de 70 coletivos estão rodando da seguinte forma:

das 5h às 9h: 100% dos ônibus (da frota em circulação, que é de 70 veículos);

das 9h às 17h: 40% a 66%; e

das 17h às 21h: 100%.

“Exemplo: linhas Vila C e Parque Nacional operam com três ônibus. Retiramos um após as 9h, e continuam rodando dois, o que corresponde a 66%”, explica Rodrigo. “Linhas que têm dois carros, após às 9h, tiramos um, o que corresponde a 50%. Linhas que só têm um carro continuam rodando normal”, prossegue.

Velhos problemas

Antes mesmo da greve, as empresas de ônibus reduziram a frota a praticamente metade dos pouco mais de 130 veículos. Lideradas pelo Consórcio Sorriso, alegam perda de receita pela redução do número de passageiros, o que seria reflexo das restrições causadas por medidas de combate à pandemia, decisão questionada pela prefeitura.

As concessionárias pleiteavam auxílio financeiro da administração municipal, que garante não ter recursos no orçamento para essa finalidade. Em dezembro do ano passado, alegando descumprimento de decretos sanitários pelas empresas de ônibus, o município interveio nas operações e renunciou em janeiro, antes do prazo previsto de seis meses.

As reclamações da população são constantes sobre o transporte coletivo, devido às restrições de horários e frota em circulação. Usuários criticam a lotação acima do permitido e a demora nos pontos e no terminal. Ônibus cheios e tempo excessivo nos deslocamentos, principalmente no trajeto entre casa e trabalho, aumentam o risco de transmissão de covid-19.

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