Portuñol leva singularidades da fronteira para Festival de Gramado

Filme de estrada, longa retrata fronteiras brasileiras a partir do portunhol. Poetas e rappers indígenas são personagens.

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H2FOZ – Denise Paro

O documentário Portuñol, dirigido pela jornalista Thais Fernandes, 36 anos, estreia dia 19 de setembro no 48º Festival de Cinema de Gramado (RS). A produção, feita nas fronteiras do Brasil com o Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia, concorre na categoria longa-metragem gaúcho.

Com 70 minutos, o longa pega carona no portunhol – fusão entre o português e o espanhol, bastante falado nas fronteiras brasileiras, para mostrar a cultura e a identidade latino-americana. Para ilustrar a latinidade, os protagonistas são músicos uruguaios, rappers indígenas, estudantes colombianos, poetas do portunhol selvagem e professores universitários que vivem em regiões de fronteira. 

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Classificado como filme de estrada, ou um road movie, gênero cinematográfico inspirado no western norte-americano feito a partir de experiências na estrada, Portuñol foi gravado durante dois anos, com intervalos. 

As gravações começaram na fronteira com o Uruguai. Na sequência, a equipe fez uma viagem de van de Porto Alegre até Corumbá (MS) rumo à Bolívia e foi deparando-se com as histórias retratadas. “Fomos dirigindo e no caminho encontrando as pessoas, as situações”, conta Thais. 

A equipe passou pela Tríplice Fronteira – Foto: Pedro Clezar

Ela diz que o tema central do filme é o portunhol, porém a produção também é uma forma de refletir para além da língua e sobre as fronteiras, lugar comumente carregado de estereótipos, como contrabando, violência, território dividido ou local onde há um muro entre um país e outro, como se houvesse um limite cultural, salienta. “No filme, a gente consegue dizer que fronteira é um lugar de encontro, e não de separação, e isso para mim é um aprendizado”, ressalta. 

A equipe de produção passou por Foz do Iguaçu e visitou o Paraguai e a Argentina. Foram gravadas cenas na Universidade da Integração Latino-Americana (Unila), em Hernandárias, no Paraguai, e em comunidades indígenas da região. Um dos personagens do longa é o DJ iguaçuense Mano Zeu. 

A primeira viagem da equipe foi com uma van até a fronteira entre Brasil e Bolívia – Foto: Pedro Clezar

Natural de Porto Alegre (RS), Thais revela que a fronteira era algo distante dela antes do filme, embora tivesse em mente uma visão diferenciada que fugia do lugar-comum da violência e do conceito de território dividido. 

Após a produção, ela pôde constatar o que as fronteiras têm de melhor. “É muito legal de ver como as culturas se misturam e convivem em harmonia, algo importante neste momento político mundial, porque precisamos reforçar a importância da tolerância e convivência, aprender a respeitar uma visão diferente da tua e viver em harmonia”, afirma.

O projeto teve início em 2015, mas as gravações começaram em 2017, após financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual, da Ancine, com aporte da Globo News e Globo Filmes, e terminaram em novembro de 2019.

Acompanhe a programação do Festival de Gramado:
http://www.festivaldegramado.net/programacao/.
 

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